quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Hurricane #1 - Only the Strongest Will Survive

Lançado em 1999, Only the Strongest Will Survive foi o segundo e último disco do Hurricane #1

Diferentemente do seu antecessor, o self-titled Hurricane #1, que chegou às lojas em 1997, esse trabalho trazia menos distorção nas guitarras de Andy Bell, embora muitas das formulas que funcionaram no primeiro álbum seguiram sendo usadas aqui.

NYC abre os trabalhos em grande estilo. Seria como a Rock n' Roll Star (Oasis: Definitely Maybe, 1994) deles. Rápida, suja e direta ao ponto. 

Em tempo: Sim, a comparação com o grupo liderado pelos irmãos Gallagher é inevitável. Basta ouvir os dois discos lançados por eles e você vai entender exatamente onde eu me refiro.

Outros pontos do disco em que Bell prima pela distorção e pelo som mais acelerado são Come Alive e Long Way Down, embora não exatamente nessa ordem.

Por outro lado, devemos dar o devido destaque à The Greatest High, que logo desponta como hit óbvio e a grande aposta do álbum. Aposta acertada essa, diga-se de passagem. É ela quem de certo modo dita o ritmo das outras composições do álbum. Ainda que faça uso de guitarras distorcidas, violões suaves e baixos que fazem a marcação de acordo com a bateria ao invés de correr com a guitarra são os elementos fundamentais nela.

Aliás, as mesmas características, de certo modo, podem ser aplicadas à Rising Sign, embora esta apresente-se ligeiramente mais experimental, trazendo batidas e elementos de música eletrônica.

Inclusive, vale dizer que a banda arriscou e experimentou mais nesse trabalho. Remote Control faz lembrar alguns sons do Massive Attack, trazendo uma pegada bem trip-hop. Vale conferir também.

O momento épico de Only the Strongest Will Survive sem dúvida é a faixa título. É indiscutivelmente a faixa que apresenta a melhor produção em todo o álbum. Carregada de instrumentos clássicos, traz consigo uma melodia impactante e intempestiva em seu início. 

Seus versos são levados por uma bateria eletrônica e um baixo cheio de efeitos. No refrão misturam-se esses adereços com os que estavam presentes no início.

Falando assim, pode parecer difícil de entender e de imaginar como essa faixa funciona. É um daqueles casos clássicos em que só ouvindo se resolve e se entende.

Dada a cena e as bandas concorrentes na época, há de se dizer que o Hurricane #1 sempre foi uma banda subestimada. Existem provas cabais disso no primeiro disco, assim como nesse também. The Price That We Pay poderia e deveria ter sido hit absoluto na terra da Rainha.

Baladinha carregada ao violão, tem a fórmula clássica do britpop de como se fazer sucesso. Inexplicavelmente, não fez.

Encerrando o disco, a banda se pega buscando influências em seus próprios sons e em alguns sons do Ride, antiga banda de Andy Bell. Com uma pegada mais melancólica, embora com uma forte tendência pro shoegazing, What Do I Know e Afterhours pareciam anunciar o inevitável (e lamentável) fim de uma das bandas com o maior potencial que o Reino Unido havia visto na década de 90.

domingo, 25 de novembro de 2012

My Chemical Romance - The Black Parade

Esqueça essa história de preconceito com o emocore, aquele movimento muito famoso da década passada, amado e odiado na mesma proporção.

Um dos principais expoentes do estilo, o My Chemical Romance, lançou seu primeiro álbum em 2002, I Brought You My Bullets, You Brought Me Your Love, mas foi em 2006 que a banda lançou seu trabalho mais ambicioso, The Black Parade.

O disco é todo trabalhado em um conceito. Tem sua temática baseada em um paciente que, passando por uma quimioterapia, está à beira da morte.

Trazendo influências diferentes dos álbuns anteriores, esse disco apresenta em dados momentos uma pegada de hard rock, como em House of Wolves, uma das melhores do álbum. É óbvio que um bom disco é feito de boas músicas, mas uma boa sequência no começo também é fundamental. The End e Dead, que estão na mesma faixa, já dão a exata impressão e a sensação de que o disco será matador do início ao fim. E de fato, é.

Na sequência, This Is How I Disappear mistura as novas influências com as antigas. Ao mesmo passo que apresenta riffs poderosos, traz também a angústia sempre presente no som da banda. Aliás, esse sentimento ainda é fundamental para a composição e o entendimento do álbum. A emotiva The Sharpest Lives vem em seguida e é outro dos grandes destaques do álbum. Poderia até ter sido single se a banda assim quisesse

Welcome to the Black Parade, que dá nome ao disco, surge inevitavelmente como a melhor e mais trabalhada faixa do álbum. Aqui, a impressão é de que o My Chemical Romance tentou fazer alguma coisa parecida com o Queen. Evidentemente falharam, mas quem disse que é fácil? Em todo caso, há de se reconhecer o esforço da banda, sobretudo do guitarrista Ray Toro e do baterista Bob Bryar, que notadamente são os grandes responsáveis pela qualidade e porque não dizer, pela beleza da faixa.

Apesar da ideia, e boa ideia, diga-se de passagem, de fazer um disco com uma relação entre todas as faixas, todo álbum precisa de músicas mais comerciais para alavancar suas vendas. I Don't Love You estava ali justamente para isso, além de diminuir, pelo menos por hora, o ritmo do álbum e dar uma espécie de fôlego para quem está ouvido, embora sua letra esteja mais para tirar o fôlego do que para dar.

Mas nem só no culto à morte é baseado The Black Parade. Teenagers é a prova disso. Divertida do início ao fim, é uma das faixas que tem aquela pegada de hard rock citada no início, principalmente em seu solo. Mais uma vez, destaque para Ray Toro.

Famous Last Words fecha o disco de forma épica. Ou semi. Na história, traz a aceitação do paciente em relação à morte. Seus sentimentos apontam na direção de que ele finalmente pode morrer em paz e deixar o mundo seguir seu curso natural.

Sobre a obra de modo geral, há de se dizer que indiscutivelmente The Black Parade é uma ópera rock. Se você comparar com as clássicas de Pink Floyd, Queen e The Who, não há nem como estabelecer comparação, partindo do simples fato de que estes eram mestres na arte de produzir discos conceituais. 

No entanto, pode-se dizer que The Black Parade é o Mellon Collie and the Infinite Sadness (Smashing Pumpkins, 1995) dessa geração, só que com pouco menos da metade das faixas e sem a genialidade de Billy Corgan.

Desse modo, esqueça essa história de preconceito com o emocore. Dê uma chance aos irmãos Way, ao excelente guitarrista Ray Toro e ao esforçado Frank Iero. Pelo menos por esse disco, eles merecem.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Stereophonics - Word Gets Around

Em 1997, Oasis e Blur disputavam na base do tapa o primeiro lugar das paradas britânicas. A primeira havia lançado o superproduzido, embora irregular Be Here Now. A segunda, por sua vez, acabara de alcançar seu maior êxito desde Parklife (1994), lançando o self-titled Blur.

Correndo por fora, haviam bandas com um sucesso relativamente menor, como o The Verve e o Supergrass

E aproveitando o sucesso do movimento britpop, o Stereophonics, liderado pelo intempestivo vocalista Kelly Jones lança seu primeiro disco, Word Gets Around, e é sobre ele que a gente vai falar um pouco agora.

Carregado de guitarras distorcidas e bons riffs, o disco conseguiu com que a banda alcançasse um certo reconhecimento na Europa logo em seu primeiro ato. Tanto isso é fato, que ele alcançou nada menos do que a honrosa 6ª posição no UK Albums Chart.

Todos os singles do disco concentraram-se nas cinco primeiras faixas. O mais bem sucedido e mais adorado pelos fãs sem sombra de dúvida é Traffic. Baladinha sobretudo carregada ao violão, embora se desenvolva ao longo de seus quase cinco minutos e ganhe guitarra, baixo e bateria, ainda assim ela não condiz com o ritmo do restante do álbum.

Uma faixa que pode exemplificar melhor a sonoridade que a banda procura imprimir em seu primeiro disco é justamente a de abertura, A Thousand Trees, que basicamente fala do cotidiano, mas não exatamente de uma maneira convencional.

Aliás, cabe dizer que todas as letras, ou pelo menos grande parte delas, fala sobre a vida na cidade onde os caras da banda cresceram, Cwamaman, no País de Gales. More Life in a Tramp's Vest e Local Boy in the Photograph sintetizam bem isso também.

Em todo caso, há uma grande injustiça nesse disco. Uma das melhores faixas, pra não dizer a melhor, simplesmente não teve a visibilidade que merecia. Trata-se de Same Size Feet. É um dos casos onde o riff de guitarra diz mais sobre a música do que qualquer outro elemento dela.

Seu riff é tão bom, mas tão bom, que foi copiado justamente por um dos mestres dos Stereophonics, o Oasis, que "reproduziu" o riff em The Hindu Times (Heathen Chemistry, 2002).

Outro momento destacável fora dos singles é Last of the Big Time Drinkers. Carregada de indie rock do início ao fim, aparece como uma espécie de amostra do futuro. Alguns sons dos Strokes, que veio a lançar seu primeiro disco apenas em 2001, Is This It, trazem uma sonoridade bastante parecida com a dessa faixa.

Ainda que não seja o disco de maior êxito, é considerado por muitos fãs como o melhor álbum lançado pela banda. Seu estilo mais cru cativa quem gosta de um certo barulho, embora este venha com reconhecida qualidade e sentido.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Oasis - Definitely Maybe

Vamos fazer uma viagem no tempo e voltar até 1994. Kurt Cobain, líder do Nirvana, havia acabado de se suicidar e com isso o movimento grunge entrava em franca decadência.

A Inglaterra já ensaiava um novo movimento para dominar a música mundial desde 1989 com o lançamento do disco de estreia do Stone Roses, mas foi só em 1994 com o lançamento de Parklife pelo Blur e principalmente por causa do disco qual vamos falar hoje, Definitely Maybe, do Oasis.

Algumas bandas precisam de vários lançamentos e de uma evolução gradual ao longo dos anos pra poder se autoproclamar como uma grande banda de rock. 

Não é o caso do Oasis. Nunca foi. A banda dos irmãos Gallagher mostra que é uma banda grande desde seus primórdios.

Rock N' Roll Star abre os trabalhos do álbum de forma esplendorosa, com um rock n' roll, como o próprio nome da faixa sugere, cru, orgânico, bem como Cigarettes & Alcohol, que segue a mesma estrutura.

O disco também tem suas baladinhas, como Live Forever e Slide Away, mas com guitarras igualmente sujas e distorcidas as das anteriormente citadas, mostrando que o Oasis havia chegado pra fazer barulho.

Outro dos grandes êxitos de Definitely Maybe sem dúvida é Supersonic. Não sendo ela exatamente rápida, é como se ficasse no meio do caminho entre Live Forever e Up in the Sky ou Bring it on Down, faixas com um ritmo mais acelerado.

Momentos com uma influência mais psicodélica também aparecem, sendo representadas por Shakermaker e Columbia, que não poderiam receber outra definição a não ser "chapadas".

Como conjunto, não é o melhor disco da banda, ao contrário do que se prega por aí. Mas como primeiro disco, é definitivamente acima da média. 

Pode até se dizer que muitas bandas dariam um braço pra escrever um disco tão bom logo em seu debut.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Dance Para o Rádio (Listas) - Os 25 melhores sons do Bon Jovi

Se na última lista a gente saiu um pouco daquela coisa de listar um número considerável de sons de uma determinada banda, não se preocupe, a gente faz isso de novo essa semana. 

Aproveitando que a Catharina ainda está contando por partes a história do Hard Rock, hoje teremos os 25 melhores sons de uma das bandas mais consagradas do estilo, o Bon Jovi.

Ao contrário do que muita gente pensa, a banda não é só o seu vocalista, Jon Bon Jovi

As guitarras poderosas de Richie Sambora e o teclados de David Bryan que sempre marcaram o ritmo de alguns dos maiores hits da carreira da banda também contribuiram para que eles fossem uma das bandas norte-americanas mais bem sucedidas de todos os tempos.

Com mudanças pontuais no som ao longo da carreira, mas sem nunca desagradar sua massa de fãs, a banda foi do Glam, mas passando por momentos mais Pop e até mesmo Country.

Pois bem. Sem mais demoras, vamos ao que interessa, aos 25 melhores sons da carreira do Bon Jovi! Divirtam-se!


Comentário pessoal: Essa foi uma das listas mais difíceis, se não foi a mais difícil de se fazer desde que eu comecei essa sessão aqui no blog.

sábado, 10 de novembro de 2012

A História do Glam Metal - Parte 3


1983. A MTV finalmente descobrira a máquina de dinheiro que o glam metal viria a ser, vendendo um estilo de vida bem diferente daquele propagado por artistas como Dio, Iron Maiden e Ozzy Osbourne,  e passou a exibir várias vezes por dia os vídeos do Def Leppard. Aliado a isso, o U.S. Festival, organizado por Steve Wozniak (sim, o inventor da Apple) teve participação de Van Halen, Mötley Crüe e Quiet Riot. Mas o marco do império hairspray foi quando o álbum Metal Health, do Quiet Riot, tirou Thriller (de Michael Jackson, para aqueles que passaram os últimos 30 anos em Marte) do topo das paradas da Billboard.

Assim, as portas foram abertas para outras bandas de Los Angeles que saíram da Metal Massacre conquistarem a emissora e a América: os vídeos de Shout at the Devil (Mötley Crüe), Round and Round e Wanted Man (Ratt) e We're Not Gonna Take It e I Wanna Rock (Twisted Sister) invadiram os lares onde haviam adolescentes nos Estados Unidos.

Com isso, milhares de jovens roqueiros começaram a investir em suas próprias carreiras, descolorindo os cabelos, roubando as roupas de suas namoradas e usando tanta maquiagem que seriam facilmente confundidos com as prostitutas da Sunset Strip. Bandas como Winger, Dokken, Great White, White Lion e WASP pegaram carona no sucesso de seus irmãos e facilitando o caminho para o sucesso. Se por um lado o Mötley Crüe passou um bom tempo tocando por um dólar no Rainbow, bandas que chegaram três anos mais tarde (inaugurando a chamada "segunda onda" do glam metal) percorreram um caminho muito mais fácil, pulando o flerte satanista do início e indo direto para a fase hedonista explorada em Girls, Girls, Girls (1987).

Curiosamente, nenhuma das maiores bandas da segunda onda veio de Hollywood. O Poison, que era bem menos obsceno do que a maioria das bandas da cena, veio da Pensilvânia, assim como o Cinderella, que era bastante influenciado pelo blues. Mas o maior destaque é mesmo o Bon Jovi, de New Jersey, que são literalmente os bons meninos do glam metal. Numa cena onde orgias bizarras envolvendo telefones e guitarras não eram nada incomuns, a banda de Jon tratava de diversão sem drogas, tirando as garotas das garras dos new romantics e as atraindo para o metal, embora com uma veia pop bastante latente. Seu disco Slippery When Wet foi o mais vendido da época, com hits como Wanted Dead or Alive, Livin' on a Prayer e You Give Love a Bad Name.

Devido à alta rotação dos vídeos de bandas glam, a MTV criou um programa especial para eles - o Headbanger's Ball, em exibição até hoje. Na época, o estilo era o mais rentável da indústria musical dos Estados Unidos - lembrando que o pop estava em alta com Michael Jackson e Madonna.

Outras bandas de sucesso na época foram Faster Pussycat, Danger Danger, Lita Ford, Britny Fox, Dangerous Toys e Guns N' Roses. A maioria desses não teve muita relevância histórica no rock - tirando Lita e o Guns. Mas esses últimos, é melhor deixar para outro post.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Dance Para o Rádio (Listas) - Temas de Séries

A lista de hoje é um pouco diferente. Ela mistura música e televisão, exatamente como esse blog faz de tempos em tempos.

Sabe a música daquela série que você adora mas por muitas vezes não sabe quem toca? Então. Hoje a gente vai dar uma passada pelas músicas que se tornaram marca registrada de algumas séries.

Bom, como existem milhares de séries, nem é preciso dizer que vou acabar deixando muita coisa boa de fora. Mas em todo caso, vocês podem comentar e colocar mais temas de séries. 

No mais, divirtam-se.

Seria impossível encabeçar essa lista com outra que não essa, não é verdade? O Rembrandts nunca foi uma banda que fez exatamente muito sucesso, a não ser por ser a banda dona da música-tema da melhor e mais famosa série de todos os tempos.

Poucas músicas casaram tão bem com um programa de TV como essa. Não fosse pouco, o criador da série é tão fã da banda de Pete Townshend, que tratou de colocar mais dois clássicos do The Who nos spin-offs da série, CSI New York e CSI Miami, Baba O' Riley e Won't Get Fooled Again, respectivamente.

Aos mais desavisados, o Remy Zero poderia ter a mesma história do Rembrandts nessa lista. Nunca fez muito sucesso, exceto por ter emplacado uma música em uma série. Mas no caso deles, chegaram a ter maiores chances, excursionando com o Radiohead na tour do The Bends.

Esse é um caso de uma música que foi moldada pra ser tema. O The Solids tem como seus membros fundadores os criadores da série, Carter Bays e Graig Thomas. A parte final da música, que tem uma pegada mais rock, foi adaptada, com uma levada de piano para se tornar o tema de abertura de uma das séries mais famosas e adoradas da atualidade.

A versão do Love Spit Love para esse clássico dos Smiths é sempre citada em listas de melhores covers e versões, inclusive como esse blog aqui mesmo já o fez.

Como eu já disse, muita coisa ficou de fora. Lembrou de alguma coisa? Comenta aí.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Panic! at the Disco - A Fever You Can't Sweat Out

Lá pela metade da década passada o emo era um estilo em voga. Seja no que se refere à sonoridade ou a aparência. 

Influenciados pelo movimento, embora com uma verve mais artística, o Panic! at the Disco, tendo como frontman o performático Brendon Urie e capitaneado pela cabeça produtiva de Ryan Ross, lançaram no início de 2005 seu primeiro disco, A Fever You Can't Sweat Out.

Algumas bandas costumam passar a vida tentando fazer algo diferente a cada novo lançamento. O Panic! at the Disco conseguiu isso logo na primeira tentativa.

A começar pela divisão do álbum, que tem em suas sete primeiras faixas uma sonoridade absolutamente influenciada por estilos como new-wave, electropop e big-beat. Nas sete últimas, é onde a banda mostra seu lado mais artístico, trazendo arranjos mais trabalhados em instrumentos clássicos como violinos, acordeões, orgãos e pianos. Porém, este fato não torna a segunda parte menos empolgante.

Algo que também chamou bastante atenção na época de lançamento foram os títulos das músicas. Sendo a maioria deles frases longas, geralmente retirados de filmes e livros. Aliás, cabe dizer que Ryan Ross é fortemente influenciado por Chuck Palahniuk.

Mas apesar dos longos títulos, as faixas que mais se destacam são as de nomes curtos e convencionais, sendo But It's Better If You Do e I Write Sins Not Tragedies, sendo essa última hit indiscutível, ainda mais tendo como apoio um videoclipe simplesmente espetacular.

A sonoridade eletrônica e dançante de faixas como Lying is the Most Fun a Girl Can Have Without Taking Her Clothes Off e The Only Differente Between Martyrdom and Suicide is Press Coverage fizeram com que algumas críticas os comparassem com outro grupo de Las Vegas, o The Killers, que havia lançado seu disco de estreia, Hot Fuss, no ano anterior.

Mal sabiam eles no buraco em que o Killers iria se enfiar e que o Panic! at the Disco se tornaria muito, mas muito superior mesmo sem Ryan Ross (ver: Vices & Virtues).

Mas se teve um aspecto que fez com que o álbum se sobressaísse em relação a outros discos de outras bandas da cena lançados à época, é o fato de Ryan Ross procurar trabalhar em outras temáticas como o casamento, o adultério e até mesmo a religião, deixando assim de limitar-se apenas ao fracasso amoroso e o culto a depressão. Aliás, este último até recebe uma tratativa, embora diferenciada sob o ponto de vista lírico da coisa, partindo mais para uma crítica feroz ao alcoolismo.

Esse é A Fever You Can't Sweat Out, um disco que foge de temas clichês, apresenta uma proposta interessante, de ter duas vertentes separadas por uma faixa que mistura ambas, Intermission, fazendo com que o disco pareça um álbum duplo, apesar de ter apenas treze faixas, além de empolgar do início ao fim.

sábado, 3 de novembro de 2012

New Order - Movement

Mal terminava o funeral de Ian Curtis e a Joy Division encerrara definitivamente as suas atividades, seus membros restantes começavam a trabalhar em um novo projeto, o mundialmente famoso New Order.

E logo em 1981 resolveram lançar um disco, Movement, provavelmente com muitos dos sons que estariam num eventual próximo álbum da Joy Division, cuja sonoridade ainda estava muito presente na influência das principais cabeças pensantes da banda, o guitarrista Bernard Sumner e o baixista Peter Hook.

Aliás, há uma curiosidade sobre esses dois. Na realidade, quem era pra ser de fato o vocalista do novo grupo era Hooky e não Sumner tal como vemos hoje. 

Tanto isso é verdade que a faixa que abre o disco, Dreams Never End, é cantada por Hooky; que só não continuou nos vocais principais por causa do consumo excessivo de cigarro e de bebidas alcoólicas, que deveras deterioraram sua voz.

Embora já tivessem alcançado certo reconhecimento não só na Inglaterra tendo lançado Unknown Pleasures (1979) e Closer (1980), ao menos repetir o sucesso sob nome e proposta diferentes não seria tarefa das mais fáceis.

Ainda mais quando a imprensa inglesa, que adora criar uma polêmica para vender, resolveu questionar as preferências políticas da banda, sob o pretexto de que "nova ordem" era o que Hitler gostaria de impor no mundo caso tivesse vencido a 2ª Guerra Mundial.

Mas deixando um pouco de lado os aspectos históricos e voltando para os musicais, que são os que realmente importam aqui, é necessário que se faça algumas observações. A primeira delas é que os elementos eletrônicos, ligeiramente experimentados na Joy Division, tomam uma proporção bem maior nesse primeiro trabalho do New Order (e chegaria em níveis inimagináveis nos discos posteriores).

Aliás, é muito interessante de se ver o trabalho de programação eletrônica, que inclusive, é realizado pelos quatro membros da banda, mas predominantemente pelo baterista Stephen Morris, que deste modo, posiciona-se no álbum como uma espécie de maestro.

E abrindo o disco, a já citada Dreams Never End, que de eletrônica não tem é nada. Trata-se definitivamente de um post-punk, rápido e direto ao ponto. Mas por outro lado, nela já nota-se mais uma característica que seria usada até a exausão não só nesse disco mas em toda a discografia do New Order. Se na Joy Division, Hook já gostava de usar notas mais agudas no baixo, aqui ele trabalha o instrumento quase como uma terceira guitarra.

Embora seja quase um disco de electropop, os momentos de melancolia ainda predominam. As peças que deixam isso em maior evidência são Truth e I.C.B, que quer dizer "Ian Curtis buried" (pt: Ian Curtis enterrado), embora ninguém da banda nunca tenha confirmado isso. 

Mas caso isso seja realmente verdade, e é o que se acredita, mostra que a banda tinha em si uma necessidade natural de querer quebrar qualquer vínculo com Ian e a Joy Division.

Essa talvez também seja uma das explicações pela razão de Sumner ser o vocalista e não Hooky. O estilo vocal do baixista fazia lembrar bastante o de Curtis, o que também pode ser visto em Doubts Even Here.

Aliás, uma curiosidade sobre essa faixa, é que quem também empresta sua voz a ela é Gillian Gilbert, notoriamente conhecida por quase nunca falar ou dar entrevistas.

Como se tratava de uma fase de transição, era natural também que algumas coisas novas e mais condizentes com a proposta do New Order iria aparecer. Senses é bastante eletrônica, ainda que traga uma esteticidade sombria. Já Chosen Time é mais dançante, é o equilíbrio quase perfeito entre o post-punk e o electropop. Ligeiramente acelerada, traz duas linhas de baixo, outro dos artifícios que Hooky ainda usaria e muito na obra da banda, além da bateria sampleada. 

E o primeiro disco do New Order, que tem pouco mais de trinta e cinco minutos de duração, encerra-se logo na oitava faixa, com Denial, que já dá pistas do que as pessoas poderiam esperar em Power, Corruption & Lies (1983), sucessor de Movement.

Falando sobre a peça de modo mais abrangente, há de se convir que indiscutivelmente trata-se do disco mais difícil da banda, que ainda não tinha uma identidade musical formada. 

Flutuando entre influências novas e referências antigas, era evidente que a banda ainda estava apenas no início da busca do som que a caracterizaria como uma das maiores bandas pop (quiçá a maior) do mundo.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Fresno - Infinito

Infinito, o novo disco da Fresno foi lançado ontem. E na verdade não é tão surpreendente quanto se pregou antes de seu lançamento. 

Para quem ouviu Revanche (2010) e o EP Cemitério das Boas Intenções (2011), sabia que podia esperar alguma coisa próxima daquilo, ou mais pesada e rápida.

E é exatamente isso que acontece logo na primeira faixa. Homem Ao Mar é um tiro rápido de menos de três minutos. A bateria implacável de Bell, juntada com as guitarras igualmente poderosas de Vavo e Lucas, sendo estas devidamente bem separadas dos teclados de Mário Camelo (grata surpresa, aliás), mostram a Fresno chegando para quem ouve como um pé na porta.

Na sequência, temos aquela que tem tudo para ser, de longe, o maior hit do disco. Infinito já havia sido lançada como single há algum tempo. Aliás, embora a banda diminua o ritmo aqui, ainda sente-se a forte presença das guitarras, mas ainda assim com um enorme potencial radiofônico. 

Em tempo, não há como falar de Infinito sem citar seu clipe cinematográfico. Com imagens captadas do espaço, é sem dúvida um dos melhores vídeos produzidos nos últimos anos.

Embora nesse novo trabalho a Fresno consiga se livrar de qualquer rótulo anteriormente imposto a eles, sobretudo o emo, Maior Que as Muralhas ainda traz referências do movimento e faz lembrar Kings and Queens, do 30 Seconds to Mars, que diga-se de passagem, é uma boa música.

E falando em buscar referências no passado. A banda mergulha em sua própria discografia na busca para a composição de novos sons e com isso aparece Seis, soando como o meio do caminho entre Ciano (2006) e Redenção (2008). Aliás, Sobreviver e Acreditar, ao menos em partes, também segue nesse mesmo caminho, parecendo uma versão 2.0 de Passado (Redenção, 2008), inclusive tendo sequência de notas e estrutura ligeiramente parecidas.

A justificativa de Mário Camelo ser a grata surpresa desse disco encontra-se em Cativeiro (Ana Cruse). A pegada forte dos sintetizadores juntamente com o peso das guitarras e do baixo (instrumento esse gravado por Lucas, dada a saída de Tavares), faz com que essa faixa tenha um energia incrível.

Em Sutjeska a banda diminui o ritmo de forma drástica, trazendo aqui para quem ouve um instrumental levado pelo violão que ganha o apoio de outros instrumentos ao longo da faixa. Serve para recuperar o fôlego depois da velocidade e da intensidade das faixas anteriores. Emendada nela, começa Farol, que tem em si uma sonoridade absolutamente pop. Inevitavelmente deverá ser a próxima música do álbum a tocar no rádio.

Ao que parece, a banda estrategicamente pensou em deixar o melhor para o final. Vida (Biografia em Ré Menor) traz na letra um resumo da vida, embora Lucas procure, ao menos às vezes, potencializar isso de uma forma bem mais intensa do que as coisas realmente são.

No que se refere à sonoridade, é impossível deixar de lembrar o Muse. Seja nos pianos incisivos das partes mais lentas, nos corais apoiados pela bateria e pelo baixo, soando como um dream-pop acelerado ou pela raiva contida nas guitarras nas partes mais rápidas.

Aliás, em vários momentos não só desse disco, mas a influência que a banda de Matt Bellamy exerce sobre o grupo de Porto Alegre é gritante. A própria Fresno nunca escondeu isso. Chega a ser até divertido ver que criador e criatura lançaram seus melhores álbuns no mesmo ano.

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