domingo, 15 de janeiro de 2012

Blur - Think Tank

O ano era 2003 e Graham Coxon havia acabado de abandonar o Blur. A incerteza se a banda iria continuar era grande, mas ainda assim, em meio a todas essas situações adversas, o que restou do grupo resolveu lançar Think Tank.

Aliás, mesmo com a volta da banda em 2009, Think Tank segue sendo o último disco totalmente de inéditas deles.

A falta de Coxon é sentida a partir do primeiro acorde. Por mais que em vários momentos de Think Tank o Blur tentasse resgatar velhas fórmulas presentes nos primeiros discos da banda, a saída do guitarrista deixou um grande buraco na sonoridade do grupo.

E que o Blur sempre foi uma banda que gostou de experimentar em seus discos, isso é fato. Mas em Think Tank isso foi levado ainda mais adiante. Em algumas faixas, fica a impressão de que Damon Albarn resolveu trazer algumas coisas que estava escrevendo para o Gorillaz e fazer uma colagem com outras que ele já tinha escrito para esse novo álbum.

Aliás, Think Tank é uma expressão inglesa, que traduzida vira algo como “catalisador de ideias”. E é justamente isso que o álbum é. Ou pretendia ser.

Out of Time provavelmente é a faixa que mais sintetiza todos esses conceitos atribuídos ao álbum, ou a pelo menos à parte experimental dele. Seria perfeitamente possível dizer que ela é uma das coisas que sobrou do primeiro disco do Gorillaz, salvo algumas alterações em estúdio.

É válido dizer que na época das gravações de Think Tank Damon Albarn andou escutando uns sons africanos. Do norte do continente pra ser mais preciso. Tanto isso é verdade que Think Tank teve suas gravações finalizadas e devidamente mixadas no Marrocos. O resultado disso é Moroccan Peoples Revolutionary Bowls Club e os primeiros segundos da curtíssima We’ve Got a File on You, que quando começa de fato, soa como o Blur de Modern Life is Rubbish (1993), ainda que no meio da música, ela volte a ter elementos de música marroquina.

Sobre esses novos experimentos, Albarn defende Think Tank com a seguinte afirmação:
“Por mais que o Blur traga elementos diferentes em seu som, é sempre Blur; é assim que sempre vai ser. Não há surpresa.”
E ainda afirmava que a real intenção do disco era tentar encontrar uma nova definição para o que era o amor em meio ao caos dos tempos modernos; que Think Tank era um disco repleto de canções de amor politizadas.

Mas por outro lado, ainda havia aqueles momentos em que o Blur tentava salvar seus sons antigos e implementá-los nesse novo trabalho. Nesse sentido, Crazy Beat aparecia com a expectativa de ser um grande hit e candidata a nova Song 2 (Blur, 1997) no coração dos fãs. Até foi hit, mas do disco  e foi aí que parou. Nos aspectos musicais, ela soa como uma mistura de Chinese Bombs (Blur, 1997) e Bank Holiday (Parklife, 1994).

Algo importante a se lembrar é que Graham Coxon até teve sua parcela de participação em Think Tank e foi justamente na última faixa, a eletrônica Battery in Your Leg.

De resto, Think Tank é vazio e fraco, principalmente se comparado aos trabalhos anteriores da banda, que vinha mantendo uma regularidade de álbuns espetaculares desde Parklife (1994)  e isso inclui o contestado The Great Escape (1995).

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