sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

The Replacements - Tim

Em 1985 o grupo liderado por Paul Westerberg, um dos compositores mais cultuados de todos os tempos e que tinha nas quatro cordas um dos caras mais tarimbados e versáteis do rock n' roll, Tommy Stinson, que hoje toca no Guns N' Roses, já desfrutava de uma popularidade relativamente alta.

Se eles haviam conquistado a crítica exatamente um ano antes com o lançamento de Let it Be, no então ano corrente, os Mats descolaram um contrato com uma gravadora para lançarem seu próximo trabalho, Tim, que é a nossa pauta de hoje.

Muito diferente do começo da carreira do grupo, lá pelos idos de 1979, onde eles focavam exclusivamente no punk, com o passar dos anos o som dos Replacements foi ganhando sua própria identidade, fazendo com que eles se tornassem uma das bandas mais autênticas da história do rock alternativo.

No início de Tim as raízes do punk ainda predominam, mais precisamente nas quatro primeiras faixas, com destaque para Kiss Me on the Bus e Dose of Thunder, que fazem mostrar a influência que a banda recebia do Clash, embora houvessem momentos de maior técnica e preciosismo, sobretudo por parte de Paul Westerberg e Tommy Stinson. Dessas quatro, apenas I'll Buy  chega a destoar pelo menos um pouco, trazendo uma pegada mais rockabilly.

No entanto, a curtíssima Waitress in the Sky logo trata de mudar totalmente o panorama e a dinâmica do álbum. Flutuando entre o folk e o country, apresenta-se como uma das faixas mais divertidas do disco.

Aliás, essa capacidade de Westerberg de escrever canções que conseguem ir de um estilo a outro a cada verso, fazendo com que ela não tenha uma definição óbvia aparece também em Swingin' Party, que vem logo na sequência. Nessa, a alternância é entre sons dos anos sessenta e Elvis Costello.

Em tempo e antes de qualquer coisa nesse parágrafo: Que se reconheça que Bastards of Young é um dos hinos definitivos do punk-rock. Só o título ao melhor estilo "pé-na-porta e soco na cara" já sugere muito sobre a mensagem que a música quer passar. Não o bastante, quando a banda teve a oportunidade de produzir um clipe para a divulgação da faixa, eles optaram por simplesmente colocarem um rádio tocando a música. 

O "protesto" em questão era pelo fato de que eles não queriam se adequar às normas da MTV. Ainda não contentes, acabaram por produzir clipes bem parecidos com estes para Hold My Life, que abre o álbum, além de Left of the Dial.

Mais ao final, Little Mascara é o último momento mais próximo de punk do álbum. Mais do que isso, na verdade, é a última com a combinação de baixo, guitarra e bateria.

Como a cereja do bolo, uma das músicas mais bonitas de que se tem notícia encerra Tim. Em Here Comes a Regular o que se vê é um dos momentos mais inspirados de toda a carreira de Westerberg como compositor. Nela a influência do folk volta ao disco, principalmente porque nota-se que boa parte de sua estrutura é bastante similar a de Knockin'on Heaven's Door, clássico de Bob Dylan.

Comercialmente falando, é o disco mais bem sucedido da banda. No entanto, o álbum que tinha tudo para alavancar os Replacements como uma das grandes bandas da história e não relegá-la apenas ao culto na cena alternativa, infelizmente não pôde ajudar tanto assim, uma vez que os shows da banda eram um verdadeiro caos, com os integrantes quase sempre bastante alterados pelo efeito do álcool e por várias vezes deixando de tocar as faixas inteiras. 

Levando isso em conta, entende-se porque os Mats nunca alcançaram o estrelato definitivo. Ou talvez nem fosse essa a vontade de Westerberg. Mas há de se dizer, se a carreira da banda tivesse sido tão bem estruturada como Tim é, eles teriam o feito.

Além do que, há de se considerar e respeitar muito um álbum que, apesar do problema dos clipes e da escolha errônea dos singles, descolou um lugar entre os duzentos melhores discos da história da música. Mais algum motivo pra ir atrás e ouvir?

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