quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Megadeth em São Paulo

A maior vantagem de ser fã de música e morar em São Paulo é que sempre tem show para ir. Como fã de heavy metal, resolvi ir ao show do Megadeth. Porém, antes de contar como foi, minhas considerações sobre a banda até ontem à tarde.

O Megadeth era a banda inimiga pública nº 1 (oh, trocadilho infame) do Metallica. Para aqueles não iniciados nesse capítulo da história do metal oitentista, Dave Mustaine (líder do Megadeth) era guitarrista solo do Metallica durante a época Metal Up Your Ass e um dia foi acordado por Lars Ulrich, o baterista, lhe dizendo que havia sido expulso da banda por seu consumo excessivo de álcool, que Kirk Hammett entraria em seu lugar e que ele passaria os próximos dois dias num ônibus de volta a San Francisco para mastigar as novas notícias. Obviamente, Dave ficou p*to, fundou o Megadeth e passou os anos seguintes comparando tudo o que faziam aos trabalhos do Metallica, como numa briga de crianças mimadas. Durante as gravações do documentário Some Kind of Monster, do Metallica, Lars e Dave tiveram uma conversa sobre essa briga que durou 20 anos.

Sempre achei besteira essa história de ter que escolher um partido na briga Metallica x Megadeth, porque acho a insistência de Dave nesse assunto muito chata - se ele não tocasse nesse assunto e se concentrasse mais em fazer música, tudo seria muito mais simples. As duas bandas são excelentes, mas a verdade é a seguinte: eu nunca escutei a obra do Megadeth a fundo. Mas desde 2010, quando eles vieram ao Brasil comemorar os 20 anos de Rust in Peace tocando o disco na íntegra e eu tinha acabado de ir ao show do Metallica, pelo pouco que conhecia, decidi que queria vê-los ao vivo, assim como o Slayer e o Anthrax.

Depois de SWU e Metal Open Air (o maior fiasco da história dos festivais brasileiros), eles confirmaram um show só deles no Via Funchal, comemorando 20 anos de Countdown to Extinction. Ingressos comprados, companhia garantida, vamos lá - shows de heavy metal são os meus favoritos. Depois de algum tempo na fila, entramos na casa, onde o Mindflow fazia um show de abertura (quem foi que teve a ideia de colocar bandas nacionais independentes para tocarem enquanto metade da plateia está do lado de fora? Que falta de respeito) do qual eu só vi o final. Bom, mas longe do estilo que me agrada. Ainda eram 21hs, e o Megadeth estava marcado para as 22. Subiram ao palco com mais ou menos 10 minutos de atraso, com uma tática inusitada: tocar os maiores sucessos no começo (Trust e Hangar 18 foram as duas primeiras, levando os presentes à loucura). Algo a se destacar: a pista do Via Funchal honra o título de melhor casa de shows da cidade, facilitando a visão de todos por ser inclinada. E uma dica: garotos, não levantem filhas, namoradas, amigas ou qualquer outra pessoa nos ombros, é muito incômodo para quem está atrás de você, principalmente se for uma menina de 1,64 de altura que demorou 3 músicas para conseguir ver o vocalista por causa disso.

Conselhos à parte, voltemos ao show. Uma sequência matadora formada por She Wolf, A Tout Le Monde, Whose Life (Is It Anyways?) e Public Enemy No. 1 - as duas últimas sendo as únicas músicas novas tocadas no set inteiro, do álbum Th1rt3en, lançado no ano passado - deixa o público muito animado logo no começo, e a ausência de grandes sucessos mais para frente - quando tocam Countdown to Extinction na íntegra - não mantém esse clima. Não que as músicas não sejam boas, muito pelo contrário, e acho que não cabe a mim julgar a empolgação da plateia, já que um show de aniversário geralmente é direcionado aos fãs mais dedicados, o que não é o meu caso.

Mas foi uma ótima oportunidade para conhecer o disco de maior vendagem do Megadeth, que contém seu maior hit, Symphony of Destruction (no qual a plateia grita o nome da banda toda vez que o riff principal é tocado). Todas as músicas são pesadas e muito bem construídas, e a influência do Iron Maiden de The Number of the Beast é notável. Gostei especialmente de Sweating Bullets, This Was My Life, Countdown to Extinction e Captive Honour.

Depois de Ashes in Your Mouth, o baixista David Ellefson cumprimenta o público em português e começa a introdução de Peace Sells, minha música favorita deles. Simplesmente incrível, acendendo aquela sensação que só os apaixonados por música entendem. Ao final desta, a banda sai do palco e todos os presentes começam a gritar por Holy Wars... The Punishment Due. Quando eles voltam, Dave diz que ainda sobra tempo para mais uma música e é esta, que é a mais diferente na versão ao vivo - infelizmente, pois contém meu solo preferido. Se despedem com muita simpatia, jogando baquetas, palhetas e toalhas, além de mostrarem as bandeiras jogadas no palco pelos fãs - uma delas com Brazil Loves Mustaine assinada.

O único porém é que a acústica do Via Funchal não é boa - o som estava embolado e baixo. De resto, as animações mostradas no telão durante a música, como videoclipes, são fantásticas, principalmente os efeitos de fogo e as texturas no logo da banda, e até mesmo Vic Rattlehead (o mascote da banda) dá as caras no palco. Um show altamente recomendável para quem goste pelo menos um pouco da banda: energético, frenético e competente, como o bom heavy metal deve ser.

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