sábado, 28 de julho de 2012

Mötley Crüe - Shout at the Devil


Deixe para lá toda a sensualidade de Girls, Girls, Girls (1987) e o peso multi-platinado de Dr. Feelgood (1989) e vá ouvir o segundo álbum do Mötley CrüeShout at the Devil

Essa sem dúvida é a época mais divertida da banda: encharcados em drogas, com toda aquela energia jovem e o som mais cru, com toneladas de maquiagem e um flerte com o diabo (a tradução do título é “grite para o diabo”, e a capa original é um pentagrama).

Após uma pequena peça de introdução, temos a faixa-título, que é um dos maiores hits da banda – com direito a um relançamento em single, remixada, em 1997. A segunda faixa, Looks that Kill, foi single e hit e tem uma característica forte de todos os sucessos do Crüe: uma melodia altamente ‘chiclete’, que gruda na cabeça o dia inteiro; e fala sobre uma garota malvada com um olhar fatal (será inspirada em alguma groupie da época?)

Bastard tem uma introdução muito louca de bateria, que segue um ritmo frenético e meio punk até o fim, acompanhada por um Vince Neil esganiçado gritando a letra. Curiosidade sobre ela: figurou na lista dos "15 imundos" de Tipper Gore, a mulher do senador Al Gore, que acabou dando origem ao famoso selo Parental Advisory. A lista incluía outros nomes do hard rock e heavy metal como Def Leppard e Mercyful Fate, mas também Madonna e Cyndi Lauper.

God Bless the Children of the Beast é uma peça instrumental, que começa com violões e aos 16 segundos, entra a guitarra de Mick Mars; no final podemos ouvir o título da música sendo cantado pelo próprio guitarrista, fã confesso de blues. Logo após esse respiro, ouvimos a intro de Helter Skelter – cover dos Beatles, que é fiel ao original, considerando que se trata de uma banda de glam metal.

Red Hot, a música mais rápida, energética, contagiante e punk do álbum, vem na seguida. Nikki Sixx (baixista e principal compositor) é grande fã dos New York Dolls, o que sempre trouxe influência do punk rock ao grupo. Mais um single bem sucedido e chiclete, Too Young to Fall In Love, trilha sonora de relacionamentos sufocantes e/ou difíceis (“você disse que nosso amor era como dinamite/abra seus olhos, é como fogo e gelo/bem, você está me matando/seu amor é uma guilhotina/por que você apenas não me deixa livre?”).

Knock ‘Em Dead, Kid pode ser preferida por vários fãs, mas eu não gosto muito. Apesar de ter feitos tantos elogios a Red Hot, confesso que a minha preferida do disco é Ten Seconds to Love: seus acordes poderosos, um solo de guitarra ágil e os coros no refrão formam a combinação perfeita.

Fecha com Danger, uma peça mais calma, como uma ‘pausa para respirar’ em meio a um disco tão cheio de canções agitadas, mas que avisa ao ouvinte de que eles são os donos de Hollywood e que é melhor tomar cuidado quando eles estiverem por perto.

Melhor disco do Mötley Crüe, na opinião dessa humilde fã.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Bon Jovi - This Left Feels Right

Depois da redenção na carreira com Crush (2000) e posteriormente o lançamento do consistente Bounce (2002), o Bon Jovi decidiu presentear os fãs com uma nova coletânea no fim de 2003.

Mas engana-se quem pensa que This Left Feels Right é uma coletânea igual a todas as outras, daquelas que juntam-se os grandes hits da banda, colocam-se em um CD e lançam.

Para o lançamento desse novo material, a banda foi pro estúdio colocar a mão na massa. 

Os clássicos da banda ganharam uma nova roupagem, trabalhada no lado mais acústico da coisa.

A nova versão de Wanted Dead or Alive, por exemplo, se transforma em uma canção muito mais country do que ela geralmente é, pelo menos de início.

Outra música que chama a atenção logo de cara é You Give Love a Bad Name. Assim como Dead or Alive, ela é mais uma das clássicas de Slippery When Wet (1986). Nessa, a banda transformou uma música que era absolutamente hard rock, em um blues espetacular.

Mas o álbum não consiste apenas em clássicos. Os novos hits It's My Life e Everyday diminuem o tom e viram baladas mais introspectivas. Bem diferentes de suas versões originais, animadas e com forte apelo pop.

E apesar de a banda querer impor uma proposta diferente nesse álbum, faixas como Always, Bed of Roses e I'll Be There For You não mudaram tanto e não abrem muito parâmetro para comparação em relação às suas versões originais.

Em todo caso, se a intenção de This Left Feels Right era ser um presente aos fãs, funcionou. Embora haja um deslize ou outro ao longo do álbum, ainda salva-se a maior parte. E se era só um produto para vender milhões de cópias e arrecadar alguns milhões a mais para a já gordíssima conta bancária da banda, funcionou também.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

The Smashing Pumpkins - Oceania

“Se Oceania falhar, não lanço mais nada como Smashing Pumpkins”

A frase é do icônico líder da lendária banda de Chicago, Billy Corgan.

E é com essa pressão de ser bem sucedido que chega às lojas do mundo inteiro Oceania, o sétimo disco de inéditas dos Smashing Pumpkins.

Logo no início, Billy Corgan e seus novos Pumpkins mostram que vieram para mostrar serviço, depois de um longo hiato desde o lançamento do consistente, embora bastante criticado Zeitgeist, em 2007.

A primeira faixa, Quasar, até faz lembrar algumas peças do seu antecessor, com guitarras implacáveis e uma bateria trabalhando em ritmo frenético faz o ouvinte não ter dúvida: Billy Corgan está em grande forma, tanto em termos vocais, como músico, bem como compositor.

Aliás, sempre se ouviu dizer que, com exceção de Corgan, a única pessoa insubstituível na banda era o baterista, Jimmy Chamberlin. Ledo engano, ele não só foi substituído, como seu sucessor, o jovem Mike Byrne de apenas 22 anos, ocupa o lugar de Chamberlin tocando à sua altura.

A faixa seguinte, Panopticon, continua na mesma pegada. Nessa, o destaque maior é para a construção melódica, que tem um solo de guitarra acompanhando praticamente todos os versos da música. Outro ponto notável são as linhas de baixo, bem como os efeitos usados por Nicole Fiorentino.

Mas engana-se quem pensa que a banda manteria o ritmo acelerado do início ao fim do disco. Desde Siamese Dream (1993) que as coisas não funcionam mais assim para Billy Corgan. Não seria agora que iria mudar.

The Celestials é um dos momentos de maior serenidade do disco. Até cresce e ganha guitarras encorpadas em determinados momentos, mas ainda assim, é uma das faixas mais doces do álbum.

Em Oceania, Billy Corgan também volta a trabalhar com elementos eletrônicos. Da última vez que ele os usou com mais frequência, havia sido em Adore (1998). One Diamond, One Heart e Pinwheels são as peças mais “tecnológicas” desse novo trabalho, embora haja várias camadas de guitarra base e até solos cheios de feeling nessas faixas.

Outra coisa bastante presente nos discos dos Pumpkins de um determinado período pra cá são as faixas longas, geralmente com mais de oito minutos de duração. Em Oceania, é a própria faixa disco, que mescla momentos de depressão, serenidade e euforia ao longo de seus pouco mais de nove minutos, que conta até com duelos de guitarra entre Corgan e Jeff Schroeder.

Em Glissandra e Inkless, a banda busca a influência em si mesma, fazendo uma espécie de resgate ao passado, trazendo um som ora cru, ora mais denso, com efeitos de guitarra genuinamente pertencentes ao som dos Pumpkins.

Windflower fecha os trabalhos exatamente como deve ser. Uma faixa com tons de fim de álbum, soando até mesmo como uma espécie de despedida (que a gente espera que seja por tempo determinado).

E em uma última análise, há de se dizer que Oceania era tudo que os Smashing Pumpkins precisavam nessa altura da carreira. É um disco que consegue fazer um apanhado geral de tudo o que a banda produziu até aqui, mas sem ser enjoativo, além de conseguir assimilar novas influências e coloca-las no álbum sem soar artificial.

Se será um sucesso de vendas, isso é outro problema. Mas se Billy Corgan não queria que o disco falhasse na simples tentativa de ser bom, ele conseguiu. Oceania não é bom. É mais do que isso. É ótimo.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Dance Para o Rádio (Listas) - Os 15 melhores sons dos Stones

Como foi noticiado aqui mais cedo, os Rolling Stones estão comemorando nada menos do que meio século de carreira. Sendo assim, nada mais justo do que listarmos os 15 maiores sons da história da banda.

Além do que, convém dizer que todas essas faixas estão certamente entre as maiores da história do rock também.

Como se não fosse o bastante, é também uma ótima oportunidade para ressucitar uma sessão que estava em falta no blog há muito tempo.

Sendo assim, apreciem e divirtam-se com os 15 melhores sons dos Stones.

START ME UP!

Rolling Stones comemoram 50 anos de carreira

Com notícias do ClicRBS.

Para marcar os 50 anos de carreira, completados hoje, os Rolling Stones posaram para uma foto na frente do Marquee Club, em Londres, local onde foi realizado o primeiro show da banda, em 1962.

Naquele dia, participaram da apresentação Mick Jagger (vocal), Brian Jones (guitarra), Keith Richards (guitarra), Ian Stewart (piano), Dick Taylor (baixo) e Tony Chapman (bateria). 

Jagger e Richards, amigos de infância, tinham então 19 anos, e Brian Jones, que morreu afogado em uma piscina em 1969, 20.


Nos anos seguintes, houve uma reformulação do grupo. Bill Wyman e Charlie Watts passaram a integrar a banda.

"– Começamos como um grupo de blues, tocando em clubes, e nos vimos lotando os maiores estádios do mundo com o tipo de espetáculo que nenhum de nós teria imaginado no início" – afirma uma nota publicada em março no site oficial do grupo

A banda alcançou o apogeu artístico entre o final dos anos 1960 e o início dos anos 1970 com álbuns Beggars' Banquet, Sticky Fingers e Exile on Main Street. A última turnê da banda ocorreu entre 2005 e 2007, para promover o último álbum de estúdio, A Bigger Bang. A esperada turnê dos 50 anos deverá ser realizada apenas no ano que vem.

"Para 2012 não estamos prontos" – declarou Keith Richards em março, antes de afirmar que 2013 era uma data mais realista.


domingo, 8 de julho de 2012

The Clash - London Calling

No final dos anos 70, o punk era um estilo popular, mas ao mesmo tempo renegado por quem se dizia "entendido" de música. Aliás, tradicionalmente falando, sempre foi assim. O hard rock farofa dos anos 80 também era massacrado, bem como o grunge na década seguinte.

O principal argumento de quem não gostava do gênero, era a falta de criatividade do mesmo, que sempre se resumia em quatro acordes e em alguns casos até o fato de empresários dizerem o que a banda deveria tocar e como ela deveria agir. (ver: Sex Pistols - Never Mind the Bollocks).

Provavelmente pensando nisso, o Clash, que já havia lançado dois discos até então, optou pela liberdade de escrever o que quisesse e tocar suas músicas como bem entendesse.

Partindo disso, nasceu London Calling, um dos discos mais conceituais e fundamentais não só da história do rock n' roll, mas da música de um modo geral.

A associação do disco como algo clássico já começa antes mesmo de se dar o play. A capa, que tem Paul Simonon arremessando seu baixo no chão, faz lembrar a capa do não menos clássico Elvis Presley, de 1956.

Apesar do número expressivo de faixas, dezenove ao total, a banda preferiu fazer o arroz-feijão no trabalho do disco. Apenas três singles, que são a própria London Calling, Clampdown e Train in Vain, que encerra os trabalhos.

Sobre a primeira, apesar de ser um hino do punk, sua levada faz o ouvinte ter uma certeza: O Clash estava anos luz à frente de seu tempo. As guitarras ritmadas em contratempo, o baixo bem marcado e a bateria de certo modo, dançante, fazem remeter a coisas muito posteriores criadas no rock alternativo.

Já a segunda ainda tem um pouco da pegada da primeira, mas em sua maior parte, traz como base o punk rock, de três acordes mesmo. Embora, a sua parte mais interessante seja o verso inicial, com o baixo em ritmo quase cavalar e a sequência de acorde em uma espécie de fade-out, dando aquele tom clássico de músicas de fins de um tempo.

E quanto a terceira, que fecha o disco, ela traz consigo uma sonoridade mais pop, quase doce, porém, misturados com os vocais propositalmente desafinados, característicos não só do Clash, mas do punk rock de modo geral.

Mas não foi o fato de outras grandes músicas terem sido de certo modo, deixadas de lado, que elas são menos clássicas. Hateful por exemplo, é uma das melhores peças não só desse álbum, mas como de toda a carreira da banda.

Em todo caso, London Calling foi muito além apenas do punk, do rock alternativo e do pop. A banda faz uma espécie de viagem à Jamaica, se aventurando por estilos como o reggae e o ska, como na animadíssima Revolution Rock, que apesar do nome, é um reggae de marca maior, e definitivamente, a melhor do disco. Logo que você começa a ouví-la, é tomado por algo que torna impossível ficar parado. Seu ritmo alegre e sua letra que faz uma espécie de apresentação a essa nova batida.

Em suma, London Calling faz uma expedição por vários estilos, imprimindo vários tipos de sons e levando suas letras muito além da simples sede pelo protesto. Ou seja, como já foi dito anteriormente, é um disco fundamental não só do rock. É fundamental para os apreciadores da boa música.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Oasis - Standing on the Shoulder of Giants

No distante ano 2000, depois do lançamento do superproduzido embora irregular Be Here Now (1997), o Oasis resolveu apostar em novas vertentes para lançar Standing on the Shoulder of Giants.

O disco foi concebido durante um período bastante conturbado para a banda. O líder do grupo, Noel Gallagher, estava sofrendo de constantes crises de pânico. Inclusive, é daí que vem a melhor faixa não só do álbum, mas de toda a carreira da banda, a progressiva e Gas Panic!

A banda também estava tendo que lidar com problemas de saídas de integrantes. O baixista Paul “Guigsy” McGuigan e o baixista Paul “Bonehead” Arthurs resolveram abandonar o barco. Com isso, restou a Noel gravar todas as guitarras e baixos do disco.

Ao contrário do que acontecia nos primeiros discos da banda, as músicas de Standing on the Shoulder of Giants não tinham uma mensagem tão positivista em suas letras, bem como seus arranjos eram bem mais elaborados. Outra coisa "nova" nesse disco, é que pela primeira vez 100% das composições não partem apenas de Noel. O Gallagher mais novo, Liam, assina uma faixa. Little James. Tudo bem que é a pior do disco, mas tá valendo.

O leque de influências também era bem mais amplo. Na faixa de introdução, Fuckin’ in the Bushes, o riff principal e a levada da bateria trazem consigo uma pegada bem hard rock, ao melhor estilo Led Zeppelin.

Mas como não podia deixar de ser, em algum momento a influência que os Beatles exerciam sobre o Oasis iria aparecer. E ela está logo na faixa dois, que por sinal, foi o single de maior êxito do disco, Go Let it Out.

Outra referência aos Beatles nesse disco é encontrada em Who Feels Love, que remete bastante à fase psicodélica dos fab four de Liverpool.

Experimentos à parte, a banda não deixou de investir nas já tradicionais guitarras distorcidas, elementos característicos do som do grupo. Put Yer Money Where Yer Mouth Is e I Can See a Liar são as amostras disso.
Noel Gallagher, parte cerebral da banda, também tem seus momentos de frontman, nas baladas Sunday Morning Call e Where Did it All Go Wrong. Essa última, em sua versão demo tinha uns teclados a mais, uns elementos de trip-hop, mas a ideia, infelizmente, não foi levada adiante.

E fechando o trabalho, a banda volta a apostar no progressivo, na belíssima Roll it Over, cuja letra fala sobre outros artistas que pegaram carona no sucesso do Oasis para se promover, principalmente Robbie Williams.

Em suma, Standing on the Shoulder of Giants foi o disco certo no momento certo. Após um período bastante difícil para a banda, além das inúmeras críticas sobre Be Here Now, os irmãos Gallagher acertavam o tiro mais uma vez para fazer um disco de sucesso. E assim foi.

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