segunda-feira, 28 de maio de 2012

Saturday Night Live Brasil

Se há um jeito de definir a estreia da versão brasileira do Saturday Night Live, é a seguinte: Abaixo das expectativas, mas ainda assim, com um nível acima da concorrência.

No início, a atração deu a entender que iria longe. Com uma paródia da entrevista de Xuxa, a excelente Renata Gaspar fez piada com Pelé, Michael Jackson e até sobre o suposto pacto da apresentadora com o diabo.

Em seguida, Rafinha Bastos foi ainda mais além. Em uma espécie de stand-up, fez piada com todo mundo. Tiros para todos os lados, como no momento em que explicou o Saturday Night Live ser no domingo.

"Ninguém fala da novela das oito começar às dez. E o Fantástico? Será que é mesmo fantástico? Vamos trocar esse nome pra legalzinho?"

Nem a própria RedeTV! escapou, inclusive falando sobre salários atrasados. Tema tabu na emissora e que já causou até demissão de âncora de telejornal.

Mas então, quando pensou-se que iria manter o nível, o programa decaiu. Algumas das esquetes chegavam ao sem graça, ora com um humor infantil, hora com momentos que beiravam o constrangedor, sobretudo na esquete protagonizada por Marcela Leal e Carol Zoccoli.

Aliás, a título de opinião, nenhuma das duas convence. Se o programa caminhar por um processo natural de evolução, as duas não vão conseguir acompanhar.

O roteiro das esquetes também foram bastante rasos, com piadas alongadas à exaustão e finais quase óbvios. Mas em todo caso, nem todas as esquetes foram de total decepção, como em uma que se faz piada da seleção de pólo aquático e o Weekend Update, protagonizado por Rafinha Bastos, conseguiram arrancar algumas risadas.

Marina Lima, que foi a atração musical, fez uma performance sonolenta como era de se esperar. Além do que, ela nem foi participou de quadro nenhum do programa, como acontece nos Estados Unidos. Mas enfim, cada país tem o Mick Jagger que merece.

Mas no geral, o programa é bom, e mostra que ainda pode melhorar. Na realidade, há de se absolver Bastos e a sua equipe, pois foi apenas o piloto, que diga-se de passagem, manteve-se preso até demais no formato original, consagrado há mais de trinta anos na TV americana.

A versão do Saturday Night Live tem tudo pra evoluir e ser o melhor humorístico da televisão brasileira, aliás, tarefa essa que nem chega a ser das mais complicadas.

E se vale a dica, que tal se a RedeTV!, que como disse o próprio Rafinha, acertou duas de três do nome, pois o programa é ao vivo, e é a noite, resolvesse colocar o programa no sábado? 

Concorrer com o Pânico e o Fantástico (que não é nem legalzinho), ainda é difícil; mas bater no Zorra Total e no Legendários seria não só mais fácil, mas também uma questão de tempo.

domingo, 27 de maio de 2012

Slash - Apocalyptic Love

No último dia 27, o guitarrista Slash (Guns N' Roses, Velvet Revolver) lançou seu segundo disco solo, Apocalyptic Love. Esse segundo trabalho já aponta algumas diferenças em relação o primeiro, e boas diferenças, diga-se de passagem.

Se o primeiro disco é uma desorganização total, com músicas desconexas, trezentos músicos diferentes, cada faixa com um vocalista, em Apocalyptic Love, Slash resolveu apostar em algo mais convencional, com vocalista e banda fixos.

É bem verdade também de que entre todos os membros do Guns N' Roses, atuais ou não, que em algum momento decidiram lançar um trabalho solo, Slash é o único que não sai da sua zona de conforto, que não se arrisca em outras vertentes, como Izzy Stradlin e Tommy Stinson que fazem um som mais alternativo, além de Duff McKagan, que trabalha forte na veia punk e até mesmo uns flertes com o grunge, como no Neurotic Outsiders.

Em outras palavras, o que sempre há de se esperar de Slash é hard rock. Vez ou outra com um solo mais deitado em linhas de blues, mas ainda sim, sempre hard rock.

Apocalyptic Love antes de qualquer coisa, tem boas faixas do início ao fim. A própria faixa-título e o single You're a Lie são bons exemplos disso.

Outra faixa em que se salta os olhos pela qualidade é Hard & Fast, que faz lembrar bastante algumas peças dos tempos do Guns N' Roses, algo de Use Your Illusion (1991).

Mas nem tudo são flores em Apocalyptic Love. Ou melhor, nem tudo são rosas. O disco tem um grande problema chamado Myles Kennedy.

Não importa o quanto Slash tente, suas músicas sempre vão soar como algo que só Axl Rose poderia cantar. E como se não fosse o bastante, Kennedy ainda faz de tudo para imitar o líder do Guns N' Roses, até mesmo nas faixas mais graves, ele canta como Rose cantaria nesse tipo de faixa.

Conforme dito, Apocalyptic Love é um bom disco, com boas faixas, bastante coeso dentro da sua proposta, mas que peca e perde em qualidade por causa de seu vocalista, que é absolutamente fraco.

Visto isso, a certeza é uma só. Slash não consegue caminhar com as próprias pernas, ele precisa de um grande frontman ao seu lado, que na pior das hipoteses, seria Scott Weiland (Stone Temple Pilots), com quem ele deu muito certo no Velvet Revolver.

Mas a grande verdade, é que esse disco dá a prova definitiva que é Slash quem precisa é de Axl Rose, e não Axl de Slash.

domingo, 20 de maio de 2012

Dance Para o Rádio (Entrevistas) - Antônio Altvater

Essa semana saiu o novo disco do meu amigo de longa data Antônio Altvater, com quem eu inclusive já tive o prazer de dividir o palco num cover de Psycho Killer do Talking Heads nos tempos em que eu ainda fazia música ao invés de escrever sobre ela.

O novo disco de Antônio é lançado sob o título de Medo da Cidade, que traz uma mistura de folk, rock, bossa nova e até reggae.

E aproveitando o embalo, resolvi trocar uma ideia com ele pra saber, dentre outras coisas, como foi o processo até que o disco estivesse finalizado. 

Confere aí:


DPR: Antônio, a gente sabe que ser um artista de folk no Brasil já não é tarefa das mais fáceis. Fazer isso numa região do país onde o sertanejo domina é mais difícil ainda. Como você lida com isso?
Antônio: Quando mergulhei de vez na ideia do folk, em 2009, era tudo mais complicado ainda. Não tinha público próprio e muito menos bares na região dispostos a encarar esse tipo de som. Depois de encarar uma série de festivais de Rock na região, o cenário começou a mudar um pouco. Hoje posso dizer que tenho público para o tipo de som que faço, inclusive para o material autoral, o que considero mais importante.

DPR: Sobre Medo da Cidade. Como foi o processo de composição e gravação desse novo disco? Você misturou composições novas e mais antigas?
Antônio: Medo da Cidade foi resultado de um processo de três semanas, entre gravações e composições. Dei uma olhada no acervo dos dois discos anteriores (Sessão Sonora I e II), e no disco da banda que fazia parte, a Plues. Depois de selecionar cinco músicas desse repertório, comecei a pegar fragmentos e esboços de músicas que estavam engavetados há algum tempo. Na última semana peguei todo o material e comecei a gravar. Foi um processo intenso, mas acabou gerando boas ideias.

DPR: Bússola das Horas e Pássaro Negro são algumas das faixas com os arranjos mais bem trabalhados nesse disco. Você arquitetou tudo sozinho ou contou com ajuda externa?
Antônio: Em Bússola das Horas e Pássaro Negro, a ideia inicial de arranjos veio de uma vez só. Sendo que Pássaro Negro foi uma das últimas a serem fechadas com arranjo e letra, já que na madrugada do dia anterior ao lançamento, ainda estava rascunhando a letra dela.

DPR: Voltando a falar de folk, fica nítido no seu visual e na sua forma de tocar que você é um artista do estilo, mas por outro lado, você consegue colocar outros estilos dentro do seu novo disco, como reggae e bossa nova. De onde vêm essas influências?
Antônio: Sim, a idéia desse novo disco foi justamente dar uma quebrada na imagem de "folk tradicional" que as pessoas têm do meu som. Caras consagrados que são referência pra mim no estilo, como Neil Young, Bob Dylan, vivem transitando em suas respectivas discografias, por vários vertentes musicais. Acho válido esse tipo de experiência, mesmo porque considero o folk mais uma maneira de se contar histórias através da música, do que uma única estética musical. Vale destacar que nessas duas músicas eu contei com participações de amigos, Bossa Nova Blues tem solos de violão do meu primo e amigo Dorfo Altvater, e em Love or Civil War, que é um reggae, conta com a participação de André Maciel, vulgo Bob, nas linhas de contrabaixo.

DPR: Você faz pelo menos duas referências aos Beatles nesse seu novo disco. Qual é a sua relação com eles e o que eles representam na sua vida?
Antônio: Considero o som do quarteto de Liverpool como uma parte importante da minha formação como músico. Comecei a escutar o som dos Beatles aos 18, em 2006, e a partir dai minha ideia sobre como se fazer música mudou bastante. O sentimento dentro da sonoridade se tornou muito mais importante do que técnica ou outros fatores.

DPR: Só pra quem ainda não sabe; você é formado em História. E tendo isso em mente, você pretende conciliar trabalho e música ou vai chegar uma hora em que você vai se dedicar somente a música?
Antônio: Então, no momento eu estou concluindo meu curso de História ainda. Mas a ideia, por hora é encarar a música como profissão. Aproveitar que ainda estou novo, e tenho energia pra gastar com os perrengues que a vida de músico proporciona.

DPR: Todos nós sabemos que todo músico tem a sua menina-dos-olhos. Desse novo disco, qual é a sua música favorita, e por quê?
Antônio: Acho que a menina dos meus olhos nesse disco é Bússola das horas. Apesar dela já estar no Sessão Sonora II. Dessa vez consegui colocar um arranjo que me agradou muito mais, além de ter uma letra bem biográfica.

DPR: Só pra finalizar – Você já tem músicas novas pra um eventual próximo disco? Se sim, pretende lança-las aos poucos ou todas só quando tiver um álbum fechado?
Antônio: Tenho bastante material instrumental gravado. A ideia é fechar outro disco de autorais, talvez menor, e lançar em Outubro. Mas vamos ver como as coisas vão estar até lá.

Neurotic Outsiders - Neurotic Outsiders

O Neurotic Outsiders foi um supergrupo de rock formado em 1995 que tinha na sua formação ninguém menos do que Steve Jones (Sex Pistols), John Taylor (Duran Duran), além de Duff McKagan e Matt Sorum (Guns N' Roses).

Inicialmente, o projeto contava com Billy Idol e Steven Stevens, mas pouco tempo depois eles sairam, dando seus lugares a Jones e Taylor, respectivamente.

A princípio, não era para ser algo levado a sério. Eram só rockstars de diferentes gêneros se juntando para fazer um som. Mas como a coisa funcionou de uma forma que nem eles esperavam, os quatro decidiram entrar em estúdio e gravar um disco, que levou como título o nome da banda: Neurotic Outsiders, que inicialmente era Neurotic Boy Outsiders.

E apesar de ter dois membros do Guns N' Roses, o disco passa bem longe do hard rock. Neurotic Outsiders flutua entre o punk rock de Jones e das influências de McKagan na adolescência, com um pouco de grunge, que ainda era um estilo bastante popular na época.

Mas a sonoridade grunge não foi algo buscado pela banda. Foi algo que aconteceu naturalmente. O timbre das guitarras de Duff (sim, ele toca guitarra no disco) funcionaram tão bem juntamente com a voz de Steve, que o resultado foi algo bem próximo do Stone Temple Pilots e mais ainda do Velvet Revolver, banda que McKagan iria integrar juntamente com Matt Sorum, Slash e Scott Weiland, do próprio STP.

Aliás, o momento em que essa variação entre o punk e o grunge fica mais evidente é logo no começo do disco, nas primeiras faixas, Nasty Ho, Always Wrong (escrita por John Taylor) e Angelina.

Curiosamente, o disco se torna mais punk nas faixas cantadas por McKagan, como Good News e Revolution, onde a sonoridade é mais pura e crua, além do cover do The Clash, Janie Jones.

Uma coisa bem legal do Neurotic Outiders é que o único que está totalmente fora de qualquer coisa que já tivesse feito antes ali é John Taylor. Absolutamente nenhuma faixa soa new-romantic, que é o que ele costuma tocar no Duran Duran. Mas nem por isso ele fez feio. Aliás, muito pelo contrário. O trabalho de Taylor nas quatro cordas do disco é digno de aplausos.

E embora o disco tenha um ritmo bastante acelerado na maior parte do seu tempo, também há espaço para as composições mais lentas, tal como Story of My Life e Union, inclusive essa última fala sobre a vontade de Jones em ter uma reunião com os Sex Pistols.

Fechando o disco, o único momento que soa mais hard rock: Six Feet Under. Isso se dá em grande parte pela bateria de Matt Sorum. A faixa se aproxima bastante de algumas coisas que Sorum e McKagan tocavam no Guns N' Roses. Detalhe: Na época eles ainda eram oficialmente membros do grupo de Axl Rose.

Assim como a maioria dos supergrupos, tinha tudo pra dar certo, grandes músicos, boas canções, mas sempre por algum motivo, o projeto é deixado pra trás. Infelizmente.

sábado, 19 de maio de 2012

Antônio Altvater - Medo da Cidade

O músico paranaense Antônio Altvater lança seu terceiro disco solo, Medo da Cidade.

E a começar a análise pelo título do disco, logo nota-se que não é meramente jogado ali. Medo da Cidade é um disco que traz um conceito. Justamente o de medo da cidade.

Numa interpretação mais alta, a ideia é de que a cidade de Antônio é o mundo. A vida de gente grande lá fora, com todas as suas dificuldades e seus percalços.

E essa mensagem é passada logo na primeira faixa, Central, que mistura a mensagem conceitual do disco com crítica social.

Central é a primeira grande faixa de Medo da Cidade. Nela, Altvater consegue acertar a mão encaixando todos os elementos necessários para que uma música funcione bem, que são: Arranjos fortes e consistentes, vocais rasgados e uma letra com conteúdo.

Outro aspecto interessante, é que embora Altvater seja um artista declaradamente folk, ele consegue mesclar influências em seu novo disco. Um bom exemplo disso é Bossa Nova Blues, que como pode se supor, tem uma forte verve de bossa. Com uma gaita de folk adicionada. Resta dizer: A mistura deu certo.

Certa vez, Billy Corgan do Smashing Pumpkins disse que ninguém nunca poderia ser tão original quanto os Beatles, e que o máximo que as pessoas poderiam fazer, era copiá-los.

Em Bússola das Horas, que por sinal é uma das melhores faixas do disco, Antônio faz uma ode ao quarteto de Liverpool, fazendo a introdução baseada em Blackbird (White Album, 1968).

Mas obviamente, o folk é o estilo predominante em Medo da Cidade. Influenciadas pelos sons de Dylan e Cash, temos Falling Back Home e Pássaro Negro, que como pode se supor, é outra referência aos Beatles

Aliás, outro aspecto destacável desse disco, é a variação das letras, que fazem um revezamento entre o português e o inglês.

Um último destaque é Love or Civil War. Primeiramente, por ser notadamente a faixa melhor produzida do disco. Não que todas as outras não sejam bem produzidas, mas essa é mais. Bem mais.

É a única faixa do disco a ter como instrumento fundamental de marcação o contrabaixo, que faz um trabalho como o das grandes linhas de baixo de alguns dos maiores hits do reggae. Aliás, estilo esse bastante presente nessa faixa, inclusive pelo modo da levada do violão.

Medo da Cidade, diferentemente dos dois primeiros trabalhos de Antônio, que são mais um exercício de divulgação do seu trabalho do que álbuns propriamente ditos, este novo trabalho é claramente mais ambicioso do que qualquer coisa que Altvater produziu até hoje.

E a quem interessar saber, Altvater vai conceder uma entrevista ao Dance Para o Rádio, que dentre outras coisas, explicará como foi o processo de composição desse novo disco.

Você pode ouvir Medo da Cidade na íntegra no blog de Antônio, o Sessão Sonora, onde tem agenda, contato e links para download.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Kaiser Chiefs - Employment

Com o fim definitivo do Blur pouco depois do lançamento de Think Tank em 2003, o Britpop perdeu um dos seus principais pilares. Pouco tempo depois, algumas bandas mais novas começaram uma tentativa de fazer um revival dos tempos áureos do movimento.

Bandas como Franz Ferdinand e Kasabian faziam parte disso, bem como os já veteranos do Stereophonics que ainda iriam lançar seu disco mais bem sucedido em 2005, o Language. Sex. Violence. Other?

Também em 2005, o Kaiser Chiefs lançou aquele que veio a ser o seu primeiro álbum: Employment. E é sobre esse disco que a gente vai falar um pouco agora. 

Dele se destacam algumas faixas que viraram verdadeiros hinos indies, tais como Oh My God, I Predict a Riot e Everyday I Love ou Less and Less, que inclusive abre o disco.

Logo na saída, a banda foi “acusada” de ser uma espécie de cópia da banda de Damon Albarn. Inclusive o então vocalista do Oasis, Liam Gallagher, chegou a classificar a banda como “um Blur ruim”.

A verdade é que não é bem assim também. O Kaiser Chiefs e o seu Employment podem não ser referência de nada quanto o contexto é originalidade. Mas por outro lado, seu primeiro disco é uma obra bastante consistente no que se refere ao que a banda se propôs a fazer.

Além das faixas anteriormente citadas, Na Na Na Na Naa e Modern Way também se destacam pela qualidade e pela facilidade de assimilação que trazem consigo, sobretudo por terem melodias alegres e refrões de fácil memorização.

Das já citadas, é óbvio que I Predict a Riot é a mais bem sucedida do disco e uma das da carreira dos Chiefs. Incontestavelmente, é hit.

Oh My God também alcançou um relativo sucesso. Tanto que a bonitinha Lily Allen tratou de fazer uma releitura nova da música, toda suingada, produzida por Mark Ronson.

A consistência de Employment em grande parte se deve à trinca feita entre baixo, bateria e teclados. Os efeitos eletrônicos são de importância vital na maior parte das faixas.

E graças a essa consistência que os Kaiser Chiefs conseguiram o sucesso logo no primeiro disco, fazendo com que eles estivessem cheios de moral para o segundo trabalho lançado um ano depois.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Bad Lieutenant - Never Cry Another Tear

O Bad Lieutenant era um projeto dos membros do New Order Bernard Sumner, Stephen Morris e Phil Cunningham, além de Jake Evans. E por ter tanta gente competente no lineup, até parecia que a coisa ia pra frente, mas não foi.

A banda lançou o seu primeiro e único disco em 2009, Never Cry Another Tear, que desentoava bastante do que o trio costumava fazer no New Order, que acabou depois da saida do lendário baixista Peter Hook. Aliás, vale lembrar que o New Order voltou ano passado, sem Hook, mas voltou.

Para o baixo foram recrutados dois caras. Um, é Tom Chapman, que embora tenha saido em turnê com a banda e ocupe o lugar de Hook no New Order hoje, não gravou nenhuma linha de baixo. Praticamente todo o trabalho das quatro cordas foi feito por Sumner, Cunningham e Evans.

O outro é Alex James, do Blur. Mas na realidade, James só gravou uma quatro faixas, embora sua participação no grupo tenha sido destaque por ele vir de uma grande banda, tal como a maior parte dos membros fundadores.

De dez faixas, o disco aponta pelo menos quatro com qualidade notável, tal como o primeiro single, Sink or Swim, bem como Twist of Fate, Summer Days, além de This is Home, que é parcialmente cantada por Evans.

Nesse então novo trabalho, os remanescentes do New Order resolveram apostar em outras vertentes, deixando de lado todas as batidas eletrônicas e camadas de teclado. Em Never Cry Another Tear, eles decidiram fazer uma coisa mais orgânica, com maior destaque para guitarras e violões, além de Morris ter aposentado a bateria eletrônica que por tantos anos o acompanhou em sua antiga banda.

Mas ainda assim, a banda não deixou de dar um sabor pop às suas canções. A anteriormente citada Sink or Swim, que com justo merecimento foi single, tinha um grande potencial para atingir as paradas britânicas, mas por algum motivo, não alcançou as expectativas.

Never Cry Another Tear até foi bem recebido pela crítica, mas não muito pelos fãs, ávidos por uma volta do New Order. E esse é o principal ponto pelo qual o projeto não foi pela frente.

E Sumner, esperto que é, tratou de trazer o New Order de volta, e com Gillian Gilbert à tiracolo, depois de quase quinze anos de ausência da tecladista em apresentações ao vivo.

E o Bad Lieutenant, e suas canções que poderiam compor um segundo disco, provavelmente foram parar em alguma gaveta.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Arctic Monkeys - Live at the Apollo

Quando uma banda lança um disco ao vivo, a primeira coisa que se imagina, é que esta tenha uma ligeira bagagem ou um sucesso consolidado. Mas a grande verdade é que nem sempre.

Quando se pega um álbum ao vivo para que se faça a analise dele, faixa a faixa, a primeira ideia que se tem é de que a banda selecionou as suas melhores músicas para esta ocasião. Neste caso, sempre.

Quando o Arctic Monkeys lançou seu Live at the Apollo em 2008, pudemos verificar todos os exemplos citados.

A banda havia lançado dois discos consistentes, Whatever People Say I Am, That's What I'm Not (2006) e Favourite Worst Nightmare (2007), com isso, se tornando uma das maiores promessas do rock inglês para a década.

O show, e por consequência, o disco, é aberto com Brianstorm. A julgar pela versão do disco, imagina-se que o show já começaria pegando fogo. Ledo engano. E mais do que isso, uma certeza da qual já se desconfiava desde que a banda começou a despontar no cenário alternativo britânico: A de que Arctic Monkeys é fraco ao vivo. Fraquíssimo.

Nem mesmo a sequência Teddy Picker, I Bet You Look Good on the Dancefloor, Dancing Shoes e a ótima From the Ritz to the Rubble são capazes de empolgar. Falta pegada.

Em Fluorescent Adolescent, maior hit da banda, a falta de energia chega a dar sono em quem está ouvindo, ou na pior das hipóteses, assistindo ao DVD.

No fim, ainda tentam inutilmente salvar o trabalho as boas A Certain Romance e The View from the Afternoon, mas já era tarde.

Mas como desgraça pouca é bobagem, na sequência o Arctic Monkeys conseguiu a proeza de lançar não um, mas dois discos péssimos, que são Humbug (2009) e Suck it and See (2011).

E apesar do passar dos anos, a banda não conseguiu melhorar sua performance ao vivo, ou seja, continua ruim; só que agora com um show que dá ênfase nas músicas novas. E ruins.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Muse - Absolution

Se hoje o Muse é uma das maiores bandas de rock do mundo, antes do lançamento do seu terceiro disco em 2003 não poderia se dizer o mesmo. 

Com dois discos lançados, Showbiz (1999) e Origin of Symmetry (2001), o grupo liderado por Matt Bellamy ainda buscava o sucesso absoluto. E ele veio. Com Absolution. Olha que jogo de palavras.

É evidente que o disco se apoia em seus maiores hits, como Stockholm Syndrome, com uma bateria no mínimo insana e pianos que ecoam por todas as saídas de áudio que se possa imaginar ao ouvir a faixa. 

Outro dos hits principais que sustenta o disco é Hysteria, que diga-se de passagem, tem uma das melhores linhas de baixo da história. Além claro, da incontestável Time is Running Out, que é um dos hinos dessa geração.

Aliás, como era de se esperar, essas três faixas foram os primeiros singles desse disco. Nessa ordem. E quando eu digo os primeiros, é porque diferentemente de outros albuns de outras bandas, que geralmente possuem três, ou na melhor das hipóteses, quatro singles, Absolution tem seis.

Quando lançado, o disco, e consequentemente a banda, foram exaustivamente comparados ao Radiohead. Até com certa razão, pois faixas como Sing for Absolution trazem consigo muita influência da banda de Thom Yorke, como um piano sofrido que carrega a faixa do início ao fim, além dos vocais de Matt Bellamy, que de fato, fazem e muito lembrar Yorke.

No que se refere a temática das letras, Absolution pode ser classificado como um disco com sérios transtornos de personalidade. Culpa de seu principal criador. Em suma, é um disco bipolar.

Ao mesmo tempo em que ele fala sobre realizações pessoais e dados momentos de euforia. Em outros a mensagem é a de medo, desespero e falta de confiança.

Mas nem tudo em Absolution é só piano, ou guitarras distorcidas, baixos com efeito e baterias rápidas. A banda também sempre foi interessada em adereços eletrônicos. Butterflies and Hurricanes é a prova cabal disso. Com uma verve absolutamente oitentista, ela tem uma pegada mais dançante, apesar de ligeiramente quebrar o ritmo frenético presente na maior parte do disco.

Absolution foi, sem sombra de duvida, o disco que consagrou o Muse e os tornou a banda que eles são hoje, com o status de supergrupo que eles possuem nos dias atuais ao redor do mundo. 

Além do mais, fez com que a banda conquistasse novos fãs e adquirisse a bagagem necessária para manter a regularidade dali pra frente e produzir discos tão bons quanto, tais como Black Holes and Revelations (2006) e The Resistance (2009).

sábado, 12 de maio de 2012

The Beatles - White Album


Por que – na minha humilde opinião – o White Álbum é o melhor disco da carreira dos Beatles e um dos melhores da história do rock?

Pra começar, o óbvio: é o disco deles que teve mais canções (30 músicas dispostas em 2 LPs), e se tratando de uma banda tão regular como eram os 4 meninos de Liverpool, quanto mais musicas, mais acertos tinha por ali!

Como o próprio Lennon dizia ('Era John e a banda, Paul e a banda, George e a banda'), tratava-se do inicio do fim dos Beatles, a individualização das vontades, num conflito que gerou alguma das composições mais espetaculares de cada um deles, como se quisessem provar o quanto eram fortes individualmente (até o Ringo brilha com sua primeira composição gravada num disco da banda – Don’t Pass Me By).

Dessa guerrinha interna, ganhamos um disco que não busca soar como um trabalho uniforme, e ao deixar vencer a heterogeneidade, podemos encontrar de tudo ali: Rock n' Roll, Blues, Reggae, Soul, Jazz, Country, Pop, etc.

De Paul McCartney, obras-primas como Back in the USSR, Ob-La-Di, Ob-La-Da, Martha My Dear, Blackbird, Rocky Raccoon, Why Don’t We Do It in the Road, Helter Skelter (o primeiro heavy metal da história? Não, mas sim um dos melhores com toda certeza!) e Honey Pie.

De Lennon, maravilhas como Dear Prudence, Happiness is a Warm Gun (uma musica em 4/4, 3/4, 6/8, 3/4 e, por fim, 4/4 no refrão? E ainda existe alguns loucos pra dizer que Beatles é música simples!!!), I’m So Tired, Julia, Yer Blues, Sexy Sadie, Cry Baby Cry e Good Night.

De Harrison, as espetaculares While My Guitar Gently Weeps (Clapton quebrando tudo nos áureos tempos em que era God!), Piggies, Long, Long, Long e Savoy Truffle.
E lá se vão 44 anos, as carreiras solos que comprovariam os talentos individuais fora do espaço Beatles vingaram (sim, eu acredito que existiram ótimas obras solos dos 4, é só ir lá ouvir que se acha!) e milhares de listas no decorrer destas 4 décadas só reafirmariam o óbvio: White Album sempre estará entre os melhores discos da história do rock (e quem sou eu pra discordar de tamanha verdade?).

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Beady Eye - Different Gear, Still Speeding

Tão logo Noel Gallagher saiu do Oasis, Liam Gallagher anunciou que não continuaria com a banda sem o irmão. De fato, não fazia sentido continuar. Era como uma pessoa viver sem cérebro.

Então, Liam e os outros membros restantes do que era o Oasis decidiram montar o Beady Eye, dentre eles, Gem Archer, amigo pessoal de Noel desde antes mesmo da entrada dele na finada banda, em idos de 1999.

E tão logo foram anunciadas as atividades do novo grupo, foi adicionado um novo membro a banda, Jeff Wooton, para o baixo, uma vez que Andy Bell voltava a tocar guitarra, seu instrumento de origem, dos tempos de Ride e Hurricane #1

Nisso, o quinteto tratou de se enfiar no estúdio e iniciar o processo de gravação de um novo disco, e então, eis que sai Different Gear, Still Speeding, e é sobre ele que a gente vai falar um pouco sobre.

Ao dar o play no disco e ouvir Four Letter Word, a primeira impressão que se tem, é de que essa faixa provavelmente seria single num eventual próximo disco do Oasis. Ou pelo menos tinha potencial para ser. Four Letter Word é empolgante do início ao fim, com guitarras empolgantes e uma bateria implacável.

Outra que chama muita atenção, e justamente por isso se tornou a música mais bem sucedida do disco, The Roller. Mas diferentemente da faixa de abertura, ela é mais tranquila, bem ao estilo de algumas baladinhas do Oasis.

Inclusive, pode até ser enjoativo depois de um certo tempo, mas as comparações de algumas faixas do Beady Eye com as do antigo grupo de Liam são inevitáveis. Primeiro, pela voz. Segundo, pela sonoridade. 

Mas por outro lado, há faixas que desentoam totalmente do que o Gallagher menos talentoso vinha fazendo nos últimos 15 anos. Beatles and Stones e Bring the Light são os maiores exemplos disso.

Para a composição de ambas, a banda foi buscar influências nas décadas de 50 e 60, nos primórdios do rock n' roll. A primeira soa como uma música do The Who. Rápida, insana e com uma mensagem de fácil captação. A segunda, por sua vez, é uma surpresa das grandes, pois em outros tempos, dificilmente se imaginaria Liam Gallagher cantando uma música com um piano rápido ao melhor estilo Jerry Lee Lewis e com corais femininos.

Mas tão logo acaba a histeria de Bring the Light e a banda volta a investir em músicas mais lentas e alongadas, tal como a bonitinha For Anyone e a belíssima Kill for a Dream, que soa como uma continuação de algo como Stop Crying Your Heart Out (Heathen Chemistry, 2002).

Mas não, o disco não vai acabar lento. Standing on the Edge of the Noise aparece como uma espécie de flashback, nos fazendo remeter ao Liam de Definitely Maybe (1994), quase num mashup de Cigarettes & Alcohol e Bring it on Down.

O álbum podia ser encerrado em The Beat Goes On, que se tivesse sido reconhecido o valor dela, teria tudo pra ser uma das grandes músicas dessa geração, além dela ter uma roupagem de encerramento de disco.

Mas a banda ainda tinha folego para mais uma faixa. E das longas. The Morning Son, de pouco mais de 6 minutos, fecha o disco de uma forma bem diferente da qual ele começa. Aliás, há quem diga que nessa música há um recado para Noel, embora Liam negue.

No mais, com o High Flying Birds de Noel sendo lançado pouco tempo depois, ficou a ratificação de quem era o Gallagher mais talentoso, o mais velho. 

Porém, Liam, com a ajuda fundamental de Bell e Archer surpreende ao mostrar que era possível fazer um bom disco sem Noel. É bem verdade que não é um disco espetacular, como costumavam ser os do Oasis, mas é bom. Aliás, é muito melhor do que as pessoas esperavam.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Duran Duran - Rio

Rio é o disco mais bem sucedido da longa carreira do Duran Duran. Só isso já bastaria pra dizer que é um disco que merece respeito, e mais do que isso, muita atenção de quem vai ouvi-lo.

Lançado em 1982, foi o segundo trabalho de estúdio da banda a ganhar as lojas. Não diferente do primeiro, o homônimo Duran Duran (1981), este segundo album também foi uma verdadeira fábrica de hits que dominaram as paradas por muito tempo e perduram até hoje nos shows da banda.

A primeira música é a que dá nome ao trabalho, e como também é de conhecimento geral, um dos maiores hits da banda, Rio

Toda trabalhada nos teclados de Nick Rhodes e no baixo implacável de John Taylor, ela traz consigo uma energia que se traduz na sua velocidade, sem contar o refrão empolgante.

Outro hit absoluto foi Hungry Like the Wolf, que segue basicamente a mesma linha da faixa-título. Aliás, é importante dizer que Rio é antes de qualquer coisa, um disco que te deixa pra cima.

My Own Way também foi single. Como o próprio título sugere, ela fala basicamente sobre ter seu próprio caminho, seu próprio jeito de fazer as coisas, o que diga-se de passagem, é uma mensagem bem legal a ser passada em uma música.

Outros grandes destaques desse disco, embora não tenham tido tanta publicidade, mas sempre foram músicas muito queridas pelos fãs e tocadas pela banda até hoje são New Religion e The Chaffeur, que inclusive, fecha o disco.

Mas não tem como falar de Rio sem falar de Save a Prayer. É bem verdade que, por hora, ela diminui o ritmo frenético que a banda imprime ao longo do disco. Por outro lado, não há discussão quando a questão é qual é o maior hit não só desse disco, mas de toda a carreira do Duran Duran.

Nela, mais uma vez o elemento fundamental com que faz com que a música seja reconhecida até os dias de hoje em qualquer lugar do mundo, são os teclados de Nick Rhodes. Lógicamente que o baixo de John Taylor e a maneira singular com que Simon LeBon canta também são adereços a serem devidamente destacados.

Por fim, não há a necessidade de, mais uma vez, recomendar que se ouça Rio. Depois desse desfile de sucessos e o fato de ser o disco de mais notoriedade (com o perdão do trocadilho) do Duran Duran, só resta dizer: Ouça e seja feliz.

sábado, 5 de maio de 2012

Beastie Boys - Licensed to Ill

Bom, como vocês viram, Adam Yauch, ou melhor, o MCA, morreu ontem aos 47 anos, em decorrência de um cancer cujo qual ele já vinha lutando contra há algum tempo.

Nisso, a querida da Catharina, que sempre me cede ótimos textos, me ofereceu um pequeno texto sobre o Licensed to Ill (1986) pra que eu postasse aqui. Sendo assim, esse post servirá como uma espécie de homenagem. No mais, vamos a ele.

Que o hip-hop foi deveras inventado por afro-americanos, disso todo mundo sabe. 

Mas nem todo mundo sabe que três branquelos judeus fizeram o primeiro disco do estilo a atingir o primeiro lugar da Billboard, e este disco é Licensed to Ill

Os Beastie Boys começaram a carreira como uma banda de hardcore, em 1979 e depois começaram a flertar com o hip-hop, porém sem abandonar suas raízes rock n' roll - tanto que o guitarrista da banda de thrash metal Slayer, Kerry King, faz uma participação na faixa No Sleep Till Brooklyn

Com letras sobre festas, garotas e a clássica trangressão juvenil, eles mesclam o scratching das pick-ups com guitarras distorcidas sem nunca perder o bom humor, característico de seus videoclipes sempre bem pensados.

#RIPMCA

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Adam Yauch do Beastie Boys morre aos 47 anos

Com informações do Terra:

Adam Yauch, conhecido como o rapper MCA do trio Beastie Boys, morreu nesta sexta-feira (4), nos Estados Unidos, aos 47 anos. As informações são do site TMZ.

MCA tratava desde 2009 de um câncer na glândula parótida e um linfoma. Porém, até agora, não se sabe se o músico morreu por causa da doença.

Ao lado de Mike "Mike D" Diamond e Adam "Ad-Rock" Horowitz, MCA co-fundou Beastie Boys em 1981. Antes disso, em 1979, D e Ad-Rock formaram a banda de punk-rock The Young Aborigines, gênero que perdurou na música do trio.
 
Vencedor de três Grammys, o grupo chamou a atenção na música norte-americana por fazer rap com elementos do hardcore, diferente das batidas sampleadas de outros artistas do gênero. 

Com a descoberta da doença e tratamento de Yauch, o trio não faz apresentações desde 2009. Porém, no ano passado, o Beastie Boys lançou o disco Hot Sauce Committee Part Two, depois de dois anos de atraso. O projeto seria lançado em dois discos, mas com o hiato do grupo, e agora, como a morte de MCA, não se sabe se haverá sequência. O rapper também não estava presente na introdução do Beastie Boys ao Hall da Fama do Rock, em abril. Ele deixa a mulher e uma filha.

O trio alcançou a fama logo no primeiro álbum, Licensed to Ill (1986), com faixas como Fight for Your Right, No Sleep Till Brooklyn, Hold It Now, Hit It. Os três trabalhos seguintes, Paul's Boutique (1989), Check Your Head (1992) e Ill Communication (1994), mantiveram o Beastie Boys como um dos atos mais importantes da música norte-americana.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

New Order - Brotherhood

É bem verdade que o New Order começou a se encontrar dentro da música eletrônica somente em 1983, no seu segundo álbum, o Power, Corruption & Lies.

Porém, o domínio absoluto da banda dentro do synthpop veio três anos mais tarde, com Brotherhood.

O disco que trazia como seu carro-chefe a balada dançante Bizarre Love Triangle não só fez com que cada vez mais pessoas fossem para as pistas de dança como se não houvesse amanhã, mas também conseguiu agradar fãs de rock, até mesmo os mais saudosistas para com a Joy Division, banda que veio a originar o New Order depois do suicídio do vocalista Ian Curtis.

Aliás, o disco já é iniciado com uma eletrônica que empolga bastante, Paradise. Inclusive, classificar uma música do New Order, sobretudo desse disco como dançante, chega a ser praticamente um caso de pleonasmo.

Mas como bem se sabe, os discos do New Order nunca consistiram apenas em música eletrônica. Eles nunca deixaram o rock de lado. Ou melhor dizendo, o post-punk.

Prova disso é Broken Promise, que como não podia deixar de ser, tem como suas principais características, a bateria acelerada de Stephen Morris, que nos faz ter a impressão de ser uma máquina tocando, além claro, do baixo de Peter Hook se fazendo presente sobre todos os outros instrumentos.

Mas antes de finalizar, se existe uma faixa nesse álbum que merece uma atenção mais do que especial, é All Day Long, que é uma das faixas mais experimentais feitas pela banda até então. E convenhamos, que o período entre 1983 e 1989 foi o qual a banda mais experimentou. E não só musicalmente falando.

A faixa em questão traz consigo algo quase transcendental. Os teclados de Gillian Gilbert aliados ao baixo oitavado de Peter Hook e a voz de Bernard Sumner em um tom mais suavizado fazem com que a música seja a definição de dream pop, pois melodicamente, seria a trilha sonora perfeita para bons sonhos.

No mais, resta dizer que é um disco altamente recomendável a qualquer pessoa, independente do gosto, seja ele mais pop, ou então, moderadamente roqueiro.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Keane - Strangeland

A espera acabou. Depois de quatro anos, finalmente saiu Strangeland, o quarto álbum de estúdio do Keane

Na verdade, ele ainda não saiu, uma vez que seu lançamento oficial está marcado para o próximo dia sete, conforme foi anunciado aqui.

Sendo assim, vamos tentar colocar de uma outra forma: Vazaram o disco.

Pois bem. Ao longo dos últimos anos, algumas dessas bandas mais novas, ou que só vieram a ganhar notoriedade na última decada, tentaram fazer mudanças periódicas ou bruscas em sua sonoridade. 


Temos como exemplo de como não fazer isso o Strokes, com o seu Angles (2011) e o The Killers em Day & Age (2008).

Com o Keane a coisa já é um pouco diferente. A mudança ao longo dos anos finalmente tem uma explicação plausível. A resposta para todas as perguntas que os fãs vinham fazendo no período correspondente entre Hopes and Fears (2004) e Perfect Symmetry (2008) está em Strangeland.

A banda estava passando por um processo de evolução, até chegar a maturidade plena de seu som. Não que não houvesse isso nos outros discos da banda. Aliás, Hopes and Fears (2004) é um dos discos mais "feitos com o coração" já produzidos na história da música.

O ponto é, Strangeland é como uma espécie de apanhado da discografia do Keane até então, salvo algumas novas influências, até bastante naturais nesse processo.

Aliás, ainda falando em Hopes and Fears (2004), muito se disse que o Keane havia retornado à sua sonoridade original em Strangeland. Talvez sim, mas um pouco. Não tanto quanto disseram por aí.

Primeiramente porque Strangeland é um disco muito mais pessoal do que os seus antecessores. Hopes and Fears era o disco que o Keane precisava pra entrar no mainstream e mostrar que veio a serviço. Já Under the Iron Sea (2006) procurava a consolidação do sucesso, e Perfect Symmetry (2008) por sua vez, era o auge.

Pois bem, vamos as faixas. You Are Young abre o disco de maneira serena. Logo na primeira nota do piano já se tem certeza: É Keane!

Aliás, Tim Rice-Oxley conseguiu uma coisa no rock que normalmente baixistas e guitarristas conseguem, que é fazer com que as pessoas saibam que é um determinado músico que está tocando. É quase um processo de associação de nome à imagem. Nesse caso, de nome ao som.

A segunda faixa é hit absoluto. Pelo menos do disco. Silenced by the Night tem um refrão viciante e uma melodia deliciosa, que acalma a mente de modo quase inexplicável.

Aliás, falando em bons refrões, encontra-se um quase tão bom quanto o de Silenced by the Night mais à metade do disco, em The Starting Line.

E quando digo que Silenced by the Night é hit absoluto do disco, é porque Strangeland é um disco tão pessoal, tão feito para os fãs e para a própria banda, que talvez a crítica "especializada" não reconheça a qualidade presente nele, classificando-o como um disco "difícil".

Em todo caso, quem disse que o Keane era fácil? Se querem coisas fáceis e sem sentido, que vão ouvir o último do Arctic Monkeys então.

Mas voltando ao que interessa, logo na primeira audição de Strangeland algumas faixas se destacam e saltam aos olhos mais do que as outras. Watch How You Go é uma delas. Soa como um dia chuvoso e cinzento.

Por outro lado, nem tudo é tristeza no novo álbum do Keane. Quando eu disse logo acima que novas influências foram introduzidas no som da banda nesse novo trabalho, elas aparecem gritantemente em faixas mais rápidas e dançantes como On the Road e na quase eletrônica Day Will Come.

Outra que não poderia deixar de ser citada e que provavelmente será o próximo single, depois de Disconnected, é Sovereign Light Cafe, que fala basicamente de um cara tentando falar com uma mulher, mas ela não dá a mínima para o que ele diz. Tema recorrente nas músicas do Keane.

O disco é finalizado de maneira mais serena do que começou. Sea Fog é carregada do início ao fim com um piano bastante introspectivo, dando o tom certo que o fim do disco precisa, como se fosse uma despedida.

E como já foi dito antes, Strangeland pode até ser classificado como um disco difícil. Mas, como também já foi mencionado anteriormente, ele consegue misturar todas as vertentes usadas nos discos da banda até então, desde uma música mais triste levada num piano, ou então ter elementos mais sintetizados, eletrônicos.

Por fim, o fato é que Strangeland não é um disco para angariar novos fãs para o Keane. É uma espécie de agrado aos antigos.

Seguidores

Quem faz o Dance Para o Rádio