sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

U2 - How to Dismantle an Atomic Bomb

"How to Dismantle an Atomic Bomb é o primeiro disco de rock do U2 em 20 anos.". Antes que questionem, a frase é do próprio líder da banda, Bono.

Aliás, se levarmos em consideração algumas experiências da banda na década de 90, com uma sonoridade bem mais próxima do pop, ao menos em partes, a máxima é verdadeira.

O disco nem de longe é recheado de grandes riffs e licks poderosos de guitarra. 

Inclusive, há de se dizer, que é um album muito mais concentrado em baladas, o que não exclui a possibilidade de se fazer um disco de rock. O álbum só não é capaz de empolgar, muito. Mas é rock.

Em todo caso, The Edge mostra que há certa razão na espécie de culto que fazem à sua volta nas faixas mais animadas, como Vertigo, que abre os trabalhos e All Because of You.

A mãe de todas as faixas mais calmas desse álbum sem dúvida é City of Blinding Lights. Aliás, é indiscutivelmente um dos momentos mais inspirados não só do disco, mas bem como de toda a carreira do U2.

Podemos até arriscar a dizer que é bem possível de que tudo, ou pelo menos boa parte do que o Keane fez até hoje é fundamentado nessa música.

Outro dos sons bem legais desse disco é Sometimes You Can't Make it on Your Own, cuja letra passa uma mensagem positivista, no sentido de que o importante é sempre procurar compartilhar algo e procurar sempre fazer as coisas com alguém. A história tem base no relacionamento de Bono com seu pai, que havia falecido há pouco tempo.

Em última análise de modo geral, chovemos no molhado ao dizer que não é um disco empolgante, principalmente se comparado à outras peças que o U2 lançou ao longo da carreira. Vertigo logo no início até engana, mas o ouvinte sabe que não é um disco que o mantém animado.

Em todo caso, nem por isso deixa de ser um bom trabalho. Inclusive, há de se reconhecer e de se respeitar um disco que foi multiplatinado tão logo havia sido lançado.

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PS: Eu sei que os que acompanham o blog assiduamente são poucos. Mas em respeito a estes, peço desculpas por esses dias todos sem postagem.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Radiohead - The King of Limbs


Com o lançamento de Kid A, em 2000, o Radiohead marcou o início de uma nova fase, mesclando elementos experimentais de música eletrônica e jazz. De lá até então, sua sonoridade divide-se entre trabalhos conceituais e outros que lembram seus discos iniciais, porém com elementos repaginados.

Até hoje, lançaram 8 álbuns, entre 1993 e 2011. E já ganharam diversos prêmios, como o Grammy, considerado o Oscar da música.

Na sombria Wiltshire’s Savernake Forest encontra-se uma árvore de carvalho com aproximadamente 1000 anos, que serviu de inspiração ao nome do álbum, homônimo.

Ao dar play no oitavo disco do Radiohead, The King of Limbs, logo com a introdução de Bloom, já podemos ter uma base de qual será o efeito em que desfrutaremos com tal obra.

A bateria desconcertante ao lado de arranjos eletrônicos intrigantes são a primeira impressão que temos. Causa estranheza, já que diversos efeitos sonoros, principalmente diferenciais, são usados minuciosamente.

Este trabalho relembra alguns anteriores, como o Amnesiac, de 2001. Por outro lado revela nova sonoridade que apenas fãs ou amantes da música contemporânea podem experimentar com mais abertura. As harmonias estáticas, os raros acordes e as vozes dobradas são características primordiais neste álbum.

Conforme a execução das faixas, Thom Yorke nos proporciona uma jornada para ambientes em que a natureza é exaltada. Em Give up the Ghost, por exemplo, os vocais entram em contraste com o som de pássaros na introdução.

A psicodelia influenciada pelo indie também está presente em The King of Limbs. Podemos concluir a ideia ao ouvir a terceira música, Little by Little, a mais aventureira do disco.

Juntos, todos os recursos utilizados levam o ouvinte a “outro lugar”, como um cenário de um filme fantástico ou um sonho. Incrível. A música é envolvente e uma pedida para fechar os olhos e deixar-se levar.

As próprias letras presentes no álbum têm esse conceito. Observe um trecho de Separator, a última faixa do disco:

“É como se eu estivesse caindo da cama
Depois de um sonho longo e fatigante
As mais doces frutas e flores nas árvores
Caindo do pássaro gigante que me carregava”

Ademais, é impossível não descobrir algo novo a cada vez que se escuta The King of Limbs. A riqueza nos detalhes é peça fundamental para uma experiência única em cada ouvinte. O que faz deste um dos melhores e mais instigantes discos do Radiohead.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Graham Coxon - The Sky is Too High

Um ano após o sucesso arrebatador do self-titled Blur com os sucessos Song 2 e Beetlebum, o guitarrista Graham Coxon decidiu que iria tocar uma carreira solo, ainda que tivesse mais jeito de projeto paralelo, uma vez que o Blur ainda era o foco principal.

Ainda em 1998 mesmo ele lançou seu primeiro álbum, The Sky is Too High, numa forma de tentar canalizar toda a sua criatividade que, em partes, não era aproveitada no Blur, fazendo com que ele ficasse sempre à sompra da genialidade de Damon Albarn.

Duas músicas que podem ser usadas para que seja feita a comparação e se note o contraste são Where d'You Go?, que tem uma alma mais obscura e Who The Fuck?, que flerta entre o punk e o próprio Blur de Modern Life is Rubbish (1993), mais precisamente, Popscene.

The Sky is Too High mostra uma espécie de mistura, onde Graham flutua entre vários estilos, como punk, folk e o próprio britpop. Com uma levada mais pro folk, Hard + Slow toma pra si o título de faixa mais agradável do disco.

Me You, We Two sintetiza bem o conceito de experimentalidade que Coxon queria introduzir nesse trabalho. Levada ao violão e com uma batida constante, além de efeitos ao fundo, é uma das peças mais interessantes da obra.

Outro fato destacável foi Graham trabalhar sozinho no disco, tanto no aspecto musical, dado o fato de que ele gravou todos os instrumentos, ainda que o violão seja o instrumento dominante, bem como na produção.

Colecionando sons experimentais e nada radiofônicos, além de não se prender a um determinado estilo, o álbum também passa a impressão de que Coxon tenta se distanciar da imagem pop que ficou associada a ele com o sucesso do Blur.

E em todo caso, se o objetivo era esse, Graham Coxon conseguiu atingir a meta com louvor. De toda a sua discografia solo, é o álbum que mais se distancia de qualquer coisa que ele já havia feito com a banda, ainda que um único momento faça lembrar.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

The Smashing Pumpkins - Zeitgeist

No longícuo ano de 2007, completavam-se exatos sete anos que nada era lançado sob o nome de Smashing Pumpkins

O último trabalho havia sido o consistente MACHINA/The Machines of God. Billy Corgan, frontman da banda, até havia tentado alçar um vôo solo, mas não atingiu os resultados esperados. Aliás, passou bem longe disso.

Em todo caso, admitamos, é preciso coragem para reativar um dos nomes de maior poder dos anos 90 para seguir em frente. Sobretudo se considerarmos que dois dos quatro membros originais haviam abandonado o barco, sendo James Iha e D'arcy Wretzky; isso sem contar Melissa Auf der Maur que assumiu as quatro cordas na turnê de MACHINA.

Dos tempos de glória de Siamese Dream (1993) e Mellon Collie and the Infinite Sadness (1995), além de Corgan, claro, só havia sobrado o baterista Jimmy Chamberlin, que com a sua mão pesada ajudou a banda nesse novo trabalho a não perder a identidade.

Inclusive, há de se deixar claro e de destacar-se o fato de que o álbum foi todo gravado apenas por Corgan e Chamberlin. Todas as guitarras, baixos, teclados, pianos e qualquer outro elemento apresentado no álbum. É quase como se Billy Corgan estivesse em seus dias de Trent Reznor.

Aliás, sonoramente, pode até se dizer que há, ao menos em uma pequena escala, uma certa dose de Nine Inch Nails neste trabalho. Em todo caso, a gente volta nesse assunto mais pra frente.

Zeitgeist, para quem não sabe, é um termo em alemão, que em tradução livre, representa algo como espírito de época ou sinal dos tempos. Pensando nisso, Doomsday Clock parece ter sido estrategicamente colocada como faixa de abertura. Sua letra fala sobre sinais e acontecimentos apocalípticos, mortos e coisas do gênero. Não à toa, leva o título de relógio do juízo final.

Com uma linha de bateria que torna fácil o reconhecimento de Chamberlin nos trabalhos e as guitarras agressivas de Corgan fazendo com que a faixa soe como uma espécie de pé-na-porta não deixam dúvida: Os Smashing Pumpkins estavam definitivamente de volta, ainda que pela metade.

Em seguida, 7 Shades of Black não deixa o ritmo cair. Aliás, é outro soco no peito de quem ouve. Aqui, o riff de guitarra desenhado por Billy Corgan, sobretudo a parte solada que acompanha os versos é a grande sacada.

That's the Way (My Love Is) é onde os Pumpkins tentam mostrar suas novas influências e propostas, buscando angariar novos admiradores. Ainda que a bateria seja tocada quase num ritmo militar e o baixo corra em paralelo à essa velocidade, os teclados ao fundo e a suavidade da voz de Corgan imposta nessa faixa equilibram as coisas.

Por sua vez, Tarantula é indiscutivelmente o grande som desse álbum. Pode até se dizer que é um dos momentos mais inspirados e iluminados de Billy Corgan ao longo de toda a sua carreira. Prova disso é o solo, que dividido, dá a impressão de haver uma espécie de duelo de guitarras. No caso, o duelo é entre Billy e ele mesmo.

Outros momentos no mínimo destacáveis, para não dizer brilhantes no que se refere aos trabalhos feitos por Billy Corgan com as guitarras neste álbum são Bring the Light e (Come On) Let's Go. Na primeira, é jogado na cara de quem ouve um solo poderoso e direto, com uma forte pegada de metal. Já na segunda, ocorre o mesmo que em That's the Way. Corgan e Chamberlin procuram apresentar o "novo" som que os Pumpkins tentarão, ou tentariam imprimir dali pra frente em seus trabalhos.

Mais ao fim do álbum, For God and Country aparece como uma grata surpresa em um momento onde já praticamente não se esperava mais nada. O destaque aqui é o teclado absolutamente oitentista que marca a faixa, além do baixo com um forte efeito, soando como alguma coisa do Nine Inch Nails, como foi citado anteriormente. Mas referente ao teclado e ao ritmo dela de modo geral, está mais para uma estranha e improvável mistura entre U2 e Joy Division.

Fechando o álbum, aparece Pomp and Circumstances, exatamente como o título sugere, sendo uma faixa grandiosa e cheia de firulas.

Cheia de arranjos de cordas e teclados por todos os lados, mostra que por mais que Corgan estivesse procurando por um novo público e estivesse com sede de mudança, em uma coisa ele ainda é o mesmo Billy Corgan que começou a se revelar em Siamese Dream, alguém com uma incurável mania de grandeza.

Não contente, no final da faixa ele presenteia os ouvintes com um belíssimo e épico solo de guitarra carregadíssimo de feeling.

Como obra, de modo mais abrangente, Zeitgeist pode até não convencer aquele fã mais antigo, que se emocionava com 1979 ou ia à loucura com Cherub Rock, mas na proposta, única e exclusivamente como disco de rock, convence e muito, ao contrário do que a crítica especializada pregou na época.

Zeitgeist é um disco antes de qualquer coisa, valente, pois veio logo na sequência de um momento complicado na carreira de seu criador. 

Alternando climas, emoções e sentimentos, há de se dizer que definitivamente, ele foi lançado no tempo certo e que ao contrário do que se podia imaginar, Corgan jamais perdeu a mão, seja como guitarrista ou como compositor.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Kaiser Chiefs - Off with Their Heads

Lançado em Outubro de 2008, Off with Their Heads foi o terceiro disco de estúdio dos Kaiser Chiefs, e com ele vinha com uma árdua missão: Repetir ou superar o êxito de seus antecessores, Employment (2005) e Yours Truly, Angry Mob (2007).

As fórmulas que deram certo nos discos anteriores foram mantidas nesse trabalho. Os maiores exemplos disso são os singles do álbum, Never Miss a Beat e Good Days, Bad Days

As faixas em questão trazem consigo melodias fáceis de se decorar e refrões grudentos. Ou seja, não tem como falhar. Aliás, Never Miss a Beat conta com a participação daquela graça que é a Lily Allen.

Que os Chiefs sempre gostaram de usar elementos eletrônicos em suas músicas nunca foi segredo. Justamente por isso é que You Want History também merece o devido destaque no álbum. Trata-se definitivamente de uma das mais dançantes e agitadas do disco.

E falando em faixas agitadas, a acelerada Can't Say What I Mean vem logo na sequência dentro do estilo que consagrou a banda. Rápida e objetiva, soa como uma espécie de post-punk-revival.

O disco de modo geral não foge do que os Kaiser Chiefs se propunham a fazer até então, mas falha no objetivo principal que era o de repetir o sucesso de seus antecessores, ainda que tenha chegado ao honroso segundo lugar no UK Albums Chart na semana de seu lançamento. 

Mas em todo caso, ainda trata-se de um bom álbum, que apesar dos resultados apresentados, não merece e nem pode ser desprezado.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Madonna - The MDNA Tour (05/12/12 - São Paulo)

Posso falar de Madonna ao vivo com certo conhecimento de causa, já que é a segunda vez que eu a vejo (a primeira foi durante sua última passagem pelo país, em 2008, com a Sticky and Sweet Tour). Agora vou falar do show de ontem, no Estádio do Morumbi.

Por volta das nove horas, a dupla de DJs brasileiros Felguk começou a tocar de um modo... interessante. Juntando a música eletrônica com pop atual e até mesmo a presença de rock n' roll e heavy metal (!), animaram o público por cerca de uma hora - boa parte dela debaixo de chuva, o que provocou atrasos no show da rainha do pop.

Madonna nos faz amá-la e odiá-la ao vivo. Odiá-la durante a espera, que é quase sempre longa - a de ontem foi a mais curta da turnê brasileira, de "apenas" uma hora; e amá-la durante a apresentação. O primeiro ato, que começa com cânticos religiosos e um cenário semelhante a uma catedral, é extremamente violento, com a cantora portando armas de fogo falsas e é composto por uma tríade de músicas do novo álbum, MDNA - (Girl Gone Wild, Revolver e Gang Bang), que não empolgam tanto a plateia, mas surpreendem pela superprodução e pelo fato da cantora de 54 anos se deslocar pelo cenário com tamanha facilidade.

É claro que os fãs estão ali para ouvir os clássicos, e o primeiro deles é uma curtíssima introdução de Papa Don't Preach emendada em Hung Up (críticas à parte, Confessions on a Dancefloor, álbum que contém essa música, é o meu preferido de Madonna), que empolgou e arrancou passos de dança dos presentes. Como sempre polêmica, a cantora usa uma de suas músicas como arma para alfinetar Lady GaGa, que tenta tão desesperadamente ser a nova rainha do pop. Ao interpretar Express Yourself vestida como uma líder de torcida, ela encaixa os versos de Born This Way da "rival" e ainda provoca com She's Not Me - na minha opinião, um recado pertinente.

Comparado ao show de 2008, neste a cantora oferece mais interação com o público, mandando-o xingar a chuva e sendo adoravelmente simpática, inclusive insinuando um casamento moderno entre ela e duas fãs que estavam na pista premium, falando português e aparecendo com a palavra "safadinha" gravada nas costas. Clássicos como Vogue e Holiday (rara nessa turnê) levaram o público ao delírio, mas o melhor momento de um show da diva do pop é sempre Like a Prayer, cantada com vontade e emoção pela platéia e pelo coral trazido por Madonna ao palco. Na ausência decepcionante de Like a Virgin, a despedida se dá por Celebration e versos de Give It 2 Me, mostrando que mesmo sendo criticada pelo último álbum, quem é rei nunca perde a majestade e que a senhora Ciccone sabe, como ninguém, apresentar um incrível espetáculo visual e entreter qualquer um que vá assisti-la, além de trazer de volta clássicos que estão gravados na memória popular.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Keane - Perfect Symmetry

Começo o mês com um disco que eu nunca dei muita atenção, mas nos últimos dias acabou se tornando um dos meus favoritos sabe-se lá por qual razão, Perfect Symmetry (2008), do Keane.

Se em seus dois primeiros discos, Hopes and Fears (2004) e Under the Iron Sea (2006) o Keane apostava mais nos pianos do que em qualquer outro instrumento, em 2008 com o lançamento de Perfect Symmetry isso mudou pelo menos um pouco.

Logo de cara, Spiralling já causa espanto naqueles que nunca esperaram um Keane com tantos efeitos provenientes de sintetizadores e uma levada tão mais dançante.

Que a banda sempre teve uma queda por alguns sons dos anos oitenta não chega a ser exatamente um segredo. Mas a sonoridade conseguida nessa faixa é no mínimo surpreendente.

Aparecendo em seguida, The Lovers Are Losing até tenta seguir sob as mesmas influências da faixa anterior, mas acaba remetendo mais aos sons dos álbuns anteriores. Aqui, o piano, ainda que bem acompanhado do sintetizador, é quem carrega a música do início ao fim.

Algo a ser notado em Perfect Symmetry é que pela primeira vez a banda usa guitarras no disco de modo mais efetivo. Better Than This, que tem a mesma proposta e intenção de Spiralling, sendo carregada de sintetizadores e tendo uma batida mais dançante, apresenta também uma guitarra ligeiramente mais alta, fazendo a marcação dos versos e do refrão. Aliás, vale destacar que estas três primeiras faixas foram singles, além claro, da óbvia faixa título.

A escolha de faixas mais eletrônicas para serem as músicas de trabalho do álbum por si só não explicam a vontade de a banda mostrar que estava trabalhando com algo diferente. Inclusive, é facilmente perceptível que boa parte do disco apresenta isso.

Bons exemplos de que as influências do Keane nesse trabalho haviam mudado são You Haven't Told Me Anything e a rapidinha Again & Again.

Por outro lado, a temática das letras ainda não varia. Tim Rice-Oxley consagrou o Keane escrevendo sobre amor, melancolia, tristeza, decepção e outros temas do gênero. Se sempre funcionou, não seria agora que ele iria mudar.

Mas o Keane, até como já foi dito anteriormente no texto, sonoramente falando também, procura fazer uma busca em seus próprios arquivos para a composição desses então novos sons. O hit maior do álbum, Perfect Symmetry é indiscutivelmente a maior prova dessa afirmação, além também de Black Burning Heart, que aparece mais ao fim do disco.

Ou seja, ainda que algumas faixas pareçam mais animadas e dançantes, não se engane com a embalagem, o conteúdo ainda é bastante parecido com tudo o que já haviamos visto deles.

Em todo caso, mais uma vez, somos arrebatados por mais um trabalho de inquestionável qualidade dessa que a quase uma década atrás uma das mais gratas revelações que a música britânica deu ao mundo.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Hurricane #1 - Only the Strongest Will Survive

Lançado em 1999, Only the Strongest Will Survive foi o segundo e último disco do Hurricane #1

Diferentemente do seu antecessor, o self-titled Hurricane #1, que chegou às lojas em 1997, esse trabalho trazia menos distorção nas guitarras de Andy Bell, embora muitas das formulas que funcionaram no primeiro álbum seguiram sendo usadas aqui.

NYC abre os trabalhos em grande estilo. Seria como a Rock n' Roll Star (Oasis: Definitely Maybe, 1994) deles. Rápida, suja e direta ao ponto. 

Em tempo: Sim, a comparação com o grupo liderado pelos irmãos Gallagher é inevitável. Basta ouvir os dois discos lançados por eles e você vai entender exatamente onde eu me refiro.

Outros pontos do disco em que Bell prima pela distorção e pelo som mais acelerado são Come Alive e Long Way Down, embora não exatamente nessa ordem.

Por outro lado, devemos dar o devido destaque à The Greatest High, que logo desponta como hit óbvio e a grande aposta do álbum. Aposta acertada essa, diga-se de passagem. É ela quem de certo modo dita o ritmo das outras composições do álbum. Ainda que faça uso de guitarras distorcidas, violões suaves e baixos que fazem a marcação de acordo com a bateria ao invés de correr com a guitarra são os elementos fundamentais nela.

Aliás, as mesmas características, de certo modo, podem ser aplicadas à Rising Sign, embora esta apresente-se ligeiramente mais experimental, trazendo batidas e elementos de música eletrônica.

Inclusive, vale dizer que a banda arriscou e experimentou mais nesse trabalho. Remote Control faz lembrar alguns sons do Massive Attack, trazendo uma pegada bem trip-hop. Vale conferir também.

O momento épico de Only the Strongest Will Survive sem dúvida é a faixa título. É indiscutivelmente a faixa que apresenta a melhor produção em todo o álbum. Carregada de instrumentos clássicos, traz consigo uma melodia impactante e intempestiva em seu início. 

Seus versos são levados por uma bateria eletrônica e um baixo cheio de efeitos. No refrão misturam-se esses adereços com os que estavam presentes no início.

Falando assim, pode parecer difícil de entender e de imaginar como essa faixa funciona. É um daqueles casos clássicos em que só ouvindo se resolve e se entende.

Dada a cena e as bandas concorrentes na época, há de se dizer que o Hurricane #1 sempre foi uma banda subestimada. Existem provas cabais disso no primeiro disco, assim como nesse também. The Price That We Pay poderia e deveria ter sido hit absoluto na terra da Rainha.

Baladinha carregada ao violão, tem a fórmula clássica do britpop de como se fazer sucesso. Inexplicavelmente, não fez.

Encerrando o disco, a banda se pega buscando influências em seus próprios sons e em alguns sons do Ride, antiga banda de Andy Bell. Com uma pegada mais melancólica, embora com uma forte tendência pro shoegazing, What Do I Know e Afterhours pareciam anunciar o inevitável (e lamentável) fim de uma das bandas com o maior potencial que o Reino Unido havia visto na década de 90.

domingo, 25 de novembro de 2012

My Chemical Romance - The Black Parade

Esqueça essa história de preconceito com o emocore, aquele movimento muito famoso da década passada, amado e odiado na mesma proporção.

Um dos principais expoentes do estilo, o My Chemical Romance, lançou seu primeiro álbum em 2002, I Brought You My Bullets, You Brought Me Your Love, mas foi em 2006 que a banda lançou seu trabalho mais ambicioso, The Black Parade.

O disco é todo trabalhado em um conceito. Tem sua temática baseada em um paciente que, passando por uma quimioterapia, está à beira da morte.

Trazendo influências diferentes dos álbuns anteriores, esse disco apresenta em dados momentos uma pegada de hard rock, como em House of Wolves, uma das melhores do álbum. É óbvio que um bom disco é feito de boas músicas, mas uma boa sequência no começo também é fundamental. The End e Dead, que estão na mesma faixa, já dão a exata impressão e a sensação de que o disco será matador do início ao fim. E de fato, é.

Na sequência, This Is How I Disappear mistura as novas influências com as antigas. Ao mesmo passo que apresenta riffs poderosos, traz também a angústia sempre presente no som da banda. Aliás, esse sentimento ainda é fundamental para a composição e o entendimento do álbum. A emotiva The Sharpest Lives vem em seguida e é outro dos grandes destaques do álbum. Poderia até ter sido single se a banda assim quisesse

Welcome to the Black Parade, que dá nome ao disco, surge inevitavelmente como a melhor e mais trabalhada faixa do álbum. Aqui, a impressão é de que o My Chemical Romance tentou fazer alguma coisa parecida com o Queen. Evidentemente falharam, mas quem disse que é fácil? Em todo caso, há de se reconhecer o esforço da banda, sobretudo do guitarrista Ray Toro e do baterista Bob Bryar, que notadamente são os grandes responsáveis pela qualidade e porque não dizer, pela beleza da faixa.

Apesar da ideia, e boa ideia, diga-se de passagem, de fazer um disco com uma relação entre todas as faixas, todo álbum precisa de músicas mais comerciais para alavancar suas vendas. I Don't Love You estava ali justamente para isso, além de diminuir, pelo menos por hora, o ritmo do álbum e dar uma espécie de fôlego para quem está ouvido, embora sua letra esteja mais para tirar o fôlego do que para dar.

Mas nem só no culto à morte é baseado The Black Parade. Teenagers é a prova disso. Divertida do início ao fim, é uma das faixas que tem aquela pegada de hard rock citada no início, principalmente em seu solo. Mais uma vez, destaque para Ray Toro.

Famous Last Words fecha o disco de forma épica. Ou semi. Na história, traz a aceitação do paciente em relação à morte. Seus sentimentos apontam na direção de que ele finalmente pode morrer em paz e deixar o mundo seguir seu curso natural.

Sobre a obra de modo geral, há de se dizer que indiscutivelmente The Black Parade é uma ópera rock. Se você comparar com as clássicas de Pink Floyd, Queen e The Who, não há nem como estabelecer comparação, partindo do simples fato de que estes eram mestres na arte de produzir discos conceituais. 

No entanto, pode-se dizer que The Black Parade é o Mellon Collie and the Infinite Sadness (Smashing Pumpkins, 1995) dessa geração, só que com pouco menos da metade das faixas e sem a genialidade de Billy Corgan.

Desse modo, esqueça essa história de preconceito com o emocore. Dê uma chance aos irmãos Way, ao excelente guitarrista Ray Toro e ao esforçado Frank Iero. Pelo menos por esse disco, eles merecem.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Stereophonics - Word Gets Around

Em 1997, Oasis e Blur disputavam na base do tapa o primeiro lugar das paradas britânicas. A primeira havia lançado o superproduzido, embora irregular Be Here Now. A segunda, por sua vez, acabara de alcançar seu maior êxito desde Parklife (1994), lançando o self-titled Blur.

Correndo por fora, haviam bandas com um sucesso relativamente menor, como o The Verve e o Supergrass

E aproveitando o sucesso do movimento britpop, o Stereophonics, liderado pelo intempestivo vocalista Kelly Jones lança seu primeiro disco, Word Gets Around, e é sobre ele que a gente vai falar um pouco agora.

Carregado de guitarras distorcidas e bons riffs, o disco conseguiu com que a banda alcançasse um certo reconhecimento na Europa logo em seu primeiro ato. Tanto isso é fato, que ele alcançou nada menos do que a honrosa 6ª posição no UK Albums Chart.

Todos os singles do disco concentraram-se nas cinco primeiras faixas. O mais bem sucedido e mais adorado pelos fãs sem sombra de dúvida é Traffic. Baladinha sobretudo carregada ao violão, embora se desenvolva ao longo de seus quase cinco minutos e ganhe guitarra, baixo e bateria, ainda assim ela não condiz com o ritmo do restante do álbum.

Uma faixa que pode exemplificar melhor a sonoridade que a banda procura imprimir em seu primeiro disco é justamente a de abertura, A Thousand Trees, que basicamente fala do cotidiano, mas não exatamente de uma maneira convencional.

Aliás, cabe dizer que todas as letras, ou pelo menos grande parte delas, fala sobre a vida na cidade onde os caras da banda cresceram, Cwamaman, no País de Gales. More Life in a Tramp's Vest e Local Boy in the Photograph sintetizam bem isso também.

Em todo caso, há uma grande injustiça nesse disco. Uma das melhores faixas, pra não dizer a melhor, simplesmente não teve a visibilidade que merecia. Trata-se de Same Size Feet. É um dos casos onde o riff de guitarra diz mais sobre a música do que qualquer outro elemento dela.

Seu riff é tão bom, mas tão bom, que foi copiado justamente por um dos mestres dos Stereophonics, o Oasis, que "reproduziu" o riff em The Hindu Times (Heathen Chemistry, 2002).

Outro momento destacável fora dos singles é Last of the Big Time Drinkers. Carregada de indie rock do início ao fim, aparece como uma espécie de amostra do futuro. Alguns sons dos Strokes, que veio a lançar seu primeiro disco apenas em 2001, Is This It, trazem uma sonoridade bastante parecida com a dessa faixa.

Ainda que não seja o disco de maior êxito, é considerado por muitos fãs como o melhor álbum lançado pela banda. Seu estilo mais cru cativa quem gosta de um certo barulho, embora este venha com reconhecida qualidade e sentido.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Oasis - Definitely Maybe

Vamos fazer uma viagem no tempo e voltar até 1994. Kurt Cobain, líder do Nirvana, havia acabado de se suicidar e com isso o movimento grunge entrava em franca decadência.

A Inglaterra já ensaiava um novo movimento para dominar a música mundial desde 1989 com o lançamento do disco de estreia do Stone Roses, mas foi só em 1994 com o lançamento de Parklife pelo Blur e principalmente por causa do disco qual vamos falar hoje, Definitely Maybe, do Oasis.

Algumas bandas precisam de vários lançamentos e de uma evolução gradual ao longo dos anos pra poder se autoproclamar como uma grande banda de rock. 

Não é o caso do Oasis. Nunca foi. A banda dos irmãos Gallagher mostra que é uma banda grande desde seus primórdios.

Rock N' Roll Star abre os trabalhos do álbum de forma esplendorosa, com um rock n' roll, como o próprio nome da faixa sugere, cru, orgânico, bem como Cigarettes & Alcohol, que segue a mesma estrutura.

O disco também tem suas baladinhas, como Live Forever e Slide Away, mas com guitarras igualmente sujas e distorcidas as das anteriormente citadas, mostrando que o Oasis havia chegado pra fazer barulho.

Outro dos grandes êxitos de Definitely Maybe sem dúvida é Supersonic. Não sendo ela exatamente rápida, é como se ficasse no meio do caminho entre Live Forever e Up in the Sky ou Bring it on Down, faixas com um ritmo mais acelerado.

Momentos com uma influência mais psicodélica também aparecem, sendo representadas por Shakermaker e Columbia, que não poderiam receber outra definição a não ser "chapadas".

Como conjunto, não é o melhor disco da banda, ao contrário do que se prega por aí. Mas como primeiro disco, é definitivamente acima da média. 

Pode até se dizer que muitas bandas dariam um braço pra escrever um disco tão bom logo em seu debut.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Dance Para o Rádio (Listas) - Os 25 melhores sons do Bon Jovi

Se na última lista a gente saiu um pouco daquela coisa de listar um número considerável de sons de uma determinada banda, não se preocupe, a gente faz isso de novo essa semana. 

Aproveitando que a Catharina ainda está contando por partes a história do Hard Rock, hoje teremos os 25 melhores sons de uma das bandas mais consagradas do estilo, o Bon Jovi.

Ao contrário do que muita gente pensa, a banda não é só o seu vocalista, Jon Bon Jovi

As guitarras poderosas de Richie Sambora e o teclados de David Bryan que sempre marcaram o ritmo de alguns dos maiores hits da carreira da banda também contribuiram para que eles fossem uma das bandas norte-americanas mais bem sucedidas de todos os tempos.

Com mudanças pontuais no som ao longo da carreira, mas sem nunca desagradar sua massa de fãs, a banda foi do Glam, mas passando por momentos mais Pop e até mesmo Country.

Pois bem. Sem mais demoras, vamos ao que interessa, aos 25 melhores sons da carreira do Bon Jovi! Divirtam-se!


Comentário pessoal: Essa foi uma das listas mais difíceis, se não foi a mais difícil de se fazer desde que eu comecei essa sessão aqui no blog.

sábado, 10 de novembro de 2012

A História do Glam Metal - Parte 3


1983. A MTV finalmente descobrira a máquina de dinheiro que o glam metal viria a ser, vendendo um estilo de vida bem diferente daquele propagado por artistas como Dio, Iron Maiden e Ozzy Osbourne,  e passou a exibir várias vezes por dia os vídeos do Def Leppard. Aliado a isso, o U.S. Festival, organizado por Steve Wozniak (sim, o inventor da Apple) teve participação de Van Halen, Mötley Crüe e Quiet Riot. Mas o marco do império hairspray foi quando o álbum Metal Health, do Quiet Riot, tirou Thriller (de Michael Jackson, para aqueles que passaram os últimos 30 anos em Marte) do topo das paradas da Billboard.

Assim, as portas foram abertas para outras bandas de Los Angeles que saíram da Metal Massacre conquistarem a emissora e a América: os vídeos de Shout at the Devil (Mötley Crüe), Round and Round e Wanted Man (Ratt) e We're Not Gonna Take It e I Wanna Rock (Twisted Sister) invadiram os lares onde haviam adolescentes nos Estados Unidos.

Com isso, milhares de jovens roqueiros começaram a investir em suas próprias carreiras, descolorindo os cabelos, roubando as roupas de suas namoradas e usando tanta maquiagem que seriam facilmente confundidos com as prostitutas da Sunset Strip. Bandas como Winger, Dokken, Great White, White Lion e WASP pegaram carona no sucesso de seus irmãos e facilitando o caminho para o sucesso. Se por um lado o Mötley Crüe passou um bom tempo tocando por um dólar no Rainbow, bandas que chegaram três anos mais tarde (inaugurando a chamada "segunda onda" do glam metal) percorreram um caminho muito mais fácil, pulando o flerte satanista do início e indo direto para a fase hedonista explorada em Girls, Girls, Girls (1987).

Curiosamente, nenhuma das maiores bandas da segunda onda veio de Hollywood. O Poison, que era bem menos obsceno do que a maioria das bandas da cena, veio da Pensilvânia, assim como o Cinderella, que era bastante influenciado pelo blues. Mas o maior destaque é mesmo o Bon Jovi, de New Jersey, que são literalmente os bons meninos do glam metal. Numa cena onde orgias bizarras envolvendo telefones e guitarras não eram nada incomuns, a banda de Jon tratava de diversão sem drogas, tirando as garotas das garras dos new romantics e as atraindo para o metal, embora com uma veia pop bastante latente. Seu disco Slippery When Wet foi o mais vendido da época, com hits como Wanted Dead or Alive, Livin' on a Prayer e You Give Love a Bad Name.

Devido à alta rotação dos vídeos de bandas glam, a MTV criou um programa especial para eles - o Headbanger's Ball, em exibição até hoje. Na época, o estilo era o mais rentável da indústria musical dos Estados Unidos - lembrando que o pop estava em alta com Michael Jackson e Madonna.

Outras bandas de sucesso na época foram Faster Pussycat, Danger Danger, Lita Ford, Britny Fox, Dangerous Toys e Guns N' Roses. A maioria desses não teve muita relevância histórica no rock - tirando Lita e o Guns. Mas esses últimos, é melhor deixar para outro post.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Dance Para o Rádio (Listas) - Temas de Séries

A lista de hoje é um pouco diferente. Ela mistura música e televisão, exatamente como esse blog faz de tempos em tempos.

Sabe a música daquela série que você adora mas por muitas vezes não sabe quem toca? Então. Hoje a gente vai dar uma passada pelas músicas que se tornaram marca registrada de algumas séries.

Bom, como existem milhares de séries, nem é preciso dizer que vou acabar deixando muita coisa boa de fora. Mas em todo caso, vocês podem comentar e colocar mais temas de séries. 

No mais, divirtam-se.

Seria impossível encabeçar essa lista com outra que não essa, não é verdade? O Rembrandts nunca foi uma banda que fez exatamente muito sucesso, a não ser por ser a banda dona da música-tema da melhor e mais famosa série de todos os tempos.

Poucas músicas casaram tão bem com um programa de TV como essa. Não fosse pouco, o criador da série é tão fã da banda de Pete Townshend, que tratou de colocar mais dois clássicos do The Who nos spin-offs da série, CSI New York e CSI Miami, Baba O' Riley e Won't Get Fooled Again, respectivamente.

Aos mais desavisados, o Remy Zero poderia ter a mesma história do Rembrandts nessa lista. Nunca fez muito sucesso, exceto por ter emplacado uma música em uma série. Mas no caso deles, chegaram a ter maiores chances, excursionando com o Radiohead na tour do The Bends.

Esse é um caso de uma música que foi moldada pra ser tema. O The Solids tem como seus membros fundadores os criadores da série, Carter Bays e Graig Thomas. A parte final da música, que tem uma pegada mais rock, foi adaptada, com uma levada de piano para se tornar o tema de abertura de uma das séries mais famosas e adoradas da atualidade.

A versão do Love Spit Love para esse clássico dos Smiths é sempre citada em listas de melhores covers e versões, inclusive como esse blog aqui mesmo já o fez.

Como eu já disse, muita coisa ficou de fora. Lembrou de alguma coisa? Comenta aí.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Panic! at the Disco - A Fever You Can't Sweat Out

Lá pela metade da década passada o emo era um estilo em voga. Seja no que se refere à sonoridade ou a aparência. 

Influenciados pelo movimento, embora com uma verve mais artística, o Panic! at the Disco, tendo como frontman o performático Brendon Urie e capitaneado pela cabeça produtiva de Ryan Ross, lançaram no início de 2005 seu primeiro disco, A Fever You Can't Sweat Out.

Algumas bandas costumam passar a vida tentando fazer algo diferente a cada novo lançamento. O Panic! at the Disco conseguiu isso logo na primeira tentativa.

A começar pela divisão do álbum, que tem em suas sete primeiras faixas uma sonoridade absolutamente influenciada por estilos como new-wave, electropop e big-beat. Nas sete últimas, é onde a banda mostra seu lado mais artístico, trazendo arranjos mais trabalhados em instrumentos clássicos como violinos, acordeões, orgãos e pianos. Porém, este fato não torna a segunda parte menos empolgante.

Algo que também chamou bastante atenção na época de lançamento foram os títulos das músicas. Sendo a maioria deles frases longas, geralmente retirados de filmes e livros. Aliás, cabe dizer que Ryan Ross é fortemente influenciado por Chuck Palahniuk.

Mas apesar dos longos títulos, as faixas que mais se destacam são as de nomes curtos e convencionais, sendo But It's Better If You Do e I Write Sins Not Tragedies, sendo essa última hit indiscutível, ainda mais tendo como apoio um videoclipe simplesmente espetacular.

A sonoridade eletrônica e dançante de faixas como Lying is the Most Fun a Girl Can Have Without Taking Her Clothes Off e The Only Differente Between Martyrdom and Suicide is Press Coverage fizeram com que algumas críticas os comparassem com outro grupo de Las Vegas, o The Killers, que havia lançado seu disco de estreia, Hot Fuss, no ano anterior.

Mal sabiam eles no buraco em que o Killers iria se enfiar e que o Panic! at the Disco se tornaria muito, mas muito superior mesmo sem Ryan Ross (ver: Vices & Virtues).

Mas se teve um aspecto que fez com que o álbum se sobressaísse em relação a outros discos de outras bandas da cena lançados à época, é o fato de Ryan Ross procurar trabalhar em outras temáticas como o casamento, o adultério e até mesmo a religião, deixando assim de limitar-se apenas ao fracasso amoroso e o culto a depressão. Aliás, este último até recebe uma tratativa, embora diferenciada sob o ponto de vista lírico da coisa, partindo mais para uma crítica feroz ao alcoolismo.

Esse é A Fever You Can't Sweat Out, um disco que foge de temas clichês, apresenta uma proposta interessante, de ter duas vertentes separadas por uma faixa que mistura ambas, Intermission, fazendo com que o disco pareça um álbum duplo, apesar de ter apenas treze faixas, além de empolgar do início ao fim.

sábado, 3 de novembro de 2012

New Order - Movement

Mal terminava o funeral de Ian Curtis e a Joy Division encerrara definitivamente as suas atividades, seus membros restantes começavam a trabalhar em um novo projeto, o mundialmente famoso New Order.

E logo em 1981 resolveram lançar um disco, Movement, provavelmente com muitos dos sons que estariam num eventual próximo álbum da Joy Division, cuja sonoridade ainda estava muito presente na influência das principais cabeças pensantes da banda, o guitarrista Bernard Sumner e o baixista Peter Hook.

Aliás, há uma curiosidade sobre esses dois. Na realidade, quem era pra ser de fato o vocalista do novo grupo era Hooky e não Sumner tal como vemos hoje. 

Tanto isso é verdade que a faixa que abre o disco, Dreams Never End, é cantada por Hooky; que só não continuou nos vocais principais por causa do consumo excessivo de cigarro e de bebidas alcoólicas, que deveras deterioraram sua voz.

Embora já tivessem alcançado certo reconhecimento não só na Inglaterra tendo lançado Unknown Pleasures (1979) e Closer (1980), ao menos repetir o sucesso sob nome e proposta diferentes não seria tarefa das mais fáceis.

Ainda mais quando a imprensa inglesa, que adora criar uma polêmica para vender, resolveu questionar as preferências políticas da banda, sob o pretexto de que "nova ordem" era o que Hitler gostaria de impor no mundo caso tivesse vencido a 2ª Guerra Mundial.

Mas deixando um pouco de lado os aspectos históricos e voltando para os musicais, que são os que realmente importam aqui, é necessário que se faça algumas observações. A primeira delas é que os elementos eletrônicos, ligeiramente experimentados na Joy Division, tomam uma proporção bem maior nesse primeiro trabalho do New Order (e chegaria em níveis inimagináveis nos discos posteriores).

Aliás, é muito interessante de se ver o trabalho de programação eletrônica, que inclusive, é realizado pelos quatro membros da banda, mas predominantemente pelo baterista Stephen Morris, que deste modo, posiciona-se no álbum como uma espécie de maestro.

E abrindo o disco, a já citada Dreams Never End, que de eletrônica não tem é nada. Trata-se definitivamente de um post-punk, rápido e direto ao ponto. Mas por outro lado, nela já nota-se mais uma característica que seria usada até a exausão não só nesse disco mas em toda a discografia do New Order. Se na Joy Division, Hook já gostava de usar notas mais agudas no baixo, aqui ele trabalha o instrumento quase como uma terceira guitarra.

Embora seja quase um disco de electropop, os momentos de melancolia ainda predominam. As peças que deixam isso em maior evidência são Truth e I.C.B, que quer dizer "Ian Curtis buried" (pt: Ian Curtis enterrado), embora ninguém da banda nunca tenha confirmado isso. 

Mas caso isso seja realmente verdade, e é o que se acredita, mostra que a banda tinha em si uma necessidade natural de querer quebrar qualquer vínculo com Ian e a Joy Division.

Essa talvez também seja uma das explicações pela razão de Sumner ser o vocalista e não Hooky. O estilo vocal do baixista fazia lembrar bastante o de Curtis, o que também pode ser visto em Doubts Even Here.

Aliás, uma curiosidade sobre essa faixa, é que quem também empresta sua voz a ela é Gillian Gilbert, notoriamente conhecida por quase nunca falar ou dar entrevistas.

Como se tratava de uma fase de transição, era natural também que algumas coisas novas e mais condizentes com a proposta do New Order iria aparecer. Senses é bastante eletrônica, ainda que traga uma esteticidade sombria. Já Chosen Time é mais dançante, é o equilíbrio quase perfeito entre o post-punk e o electropop. Ligeiramente acelerada, traz duas linhas de baixo, outro dos artifícios que Hooky ainda usaria e muito na obra da banda, além da bateria sampleada. 

E o primeiro disco do New Order, que tem pouco mais de trinta e cinco minutos de duração, encerra-se logo na oitava faixa, com Denial, que já dá pistas do que as pessoas poderiam esperar em Power, Corruption & Lies (1983), sucessor de Movement.

Falando sobre a peça de modo mais abrangente, há de se convir que indiscutivelmente trata-se do disco mais difícil da banda, que ainda não tinha uma identidade musical formada. 

Flutuando entre influências novas e referências antigas, era evidente que a banda ainda estava apenas no início da busca do som que a caracterizaria como uma das maiores bandas pop (quiçá a maior) do mundo.

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