sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Black Tide - Post Mortem


Pra quem não sabe, e aposto que seja a grande maioria que acessa este blog, Black Tide é a banda que em meados de 2008 prometia através de seu excelente primeiro álbum, Light From Above, salvar o Heavy Metal do grande abismo que o estilo havia caído, sendo sustentado apenas por velhas bandas ainda na ativa.

Muito se esperava da banda, pois seus riffs eram dignos, os solos eram destruidores e o vocalista e guitarrista Gabriel Garcia, possuía até a voz adolescente que se precisa para ter sucesso nesse gênero. No caso isso se devia ao fato de ele ser mesmo um adolescente, no auge de seus 15 anos.

Logo de cara a banda alcançou um relativo sucesso tocando em festivais do gênero com bandas de alto calibre envolvidas. E como já era de se esperar, eles iriam lançar um segundo álbum. Muito se especulou sobre o disco, muito se esperava sobre o disco e no meio deste ano que está acabando eles lançam o Post Mortem.

Vários fãs do Heavy Metal “raiz” ficaram no mínimo desapontados com este trabalho, pois ele deixa de lado o Heavy Metal influenciado por Iron Maiden e Metallica, sendo que a banda fez dois bons covers de Prowler (Iron Maiden, 1980) e Hit the Lights (Kill 'em All, 1983), mas com uma levada mais pro Metalcore.

Abrindo o disco, a faixa Ashes conta com uma participação de Matt Tuck, do Bullet For My Valentine. Ela logo já dita o ritmo do disco com gritos de “vômito”, algo como de Ratos de Porão. E claro com aqueles refrões chorados que não podem faltar. Chega até a lembrar o Glória em certos pontos.

Logo em seguida vem Bury Me que, mesmo ainda seguindo o Metalcore, chega a beirar o pop no refrão. Sabe aquela música pegajosa? Então.

Let It Out, terceira faixa, dá a impressão que você já ouviu algo assim em outro lugar. Verso sofrido, com contrabaixo ao fundo e refrão gritado devagarzinho com uma guitarra simples. Já Honest Eyes vira um Trash Metal parecido bastante com o estilo do Light From Above.

That Fire é aquele single pra vender que todos sabem, começa até com um violão que é esquecido ao longo da música. Música que marca o retorno do Metalcore sofrido de refrão calmo e tudo mais. A faixa mais pop do disco é a que vem a seguir: Fight Til The Bitter End, mais calma do que as outras e com aqueles gritos pra dentro, ao melhor estilo Matt Bellamy. Serviria para que o Fresno ou qualquer banda assim faça cover.

Em Take It Easy mais do mesmo; assim como em Lost In The Sound, muitos gritos e pouca criatividade nas guitarras, só mesmo aquela apelação de guitarristas inexperientes. Já Walking Dead Man, que não tem nada a ver com aquele seriado, beira o Screamo e é a primeira música com um grande solo de Gabriel Garcia, já que mesmo com tão pouca idade é um grande guitarrista.

Into The Sky é quase uma balada e é ela que fecha o disco com chave de bronze. Nela, incrementam até instrumentos clássicos para tentar dar um tom mais “cult” ao disco, numa tentativa desesperada de salvar o disco que tinha tudo para resgatar o Heavy Metal, mas não passa apenas de mais um disco parecido com tudo que o Avenged Sevenfold já fez.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Ian Brown - Golden Greats

O Stone Roses todo mundo conhece, aquela banda que é endeusada lá na Inglaterra e comumente é colocada como a que fez o melhor disco de estreia de todos os tempos. Assim como a banda, todo mundo conhece seu icônico líder Ian Brown, sempre de cabelos quase longos e com sua jaqueta adidas. 

Mas o que muita gente não sabe, é que Ian tem uma carreira solo bem consistente, sempre com discos bem recebidos por público e crítica, embora nos seus shows ele sempre aposte nos velhos hits dos Roses, como She Bangs The Drums e I Wanna Be Adored (Stone Roses, 1989).

O post de hoje é dedicado ao seu segundo disco, o Golden Greats, lançado em 1999. O primeiro foi o o conceituadíssimo Unfinished Monkey Business, lançado um ano antes.

Em Golden Greats, Ian Brown, que também faz todo o trabalho de produção, faz uso de instrumentos como melotron e órgão, além claro de abusar de efeitos de voz, o que ele já fazia no Stone Roses. Brown também adora utilizar elementos eletrônicos nas faixas, como em Love Like a Fountain, que segundo o próprio, é sua melhor música em carreira solo.

Outra boa faixa é Gettin' High, que aliás, abre o disco. A introdução tem umas cordas de música japonesa e coisas do gênero, mas assim que a música começa de fato, traz uma pegada bem rock n' roll e talvez pudesse ter até mais, se não tivesse a bateria sintetizada que vem acompanhada de uma espécie de eco, numa atmosfera bem oitentista.

A pegada eletrônica também fica bastante visível em Set My Baby Free, Golden Gaze e Neptune. Por outro lado, So Many Soldiers mostra um lado mais experimental, usando órgãos e violões.

Babasonicos que fecha o disco, é uma canção mais triste, com um baixo bem marcado e guitarras distorcidas, que solam em alguns momentos. Como a batida que acompanha a música é mista, tanto eletrônica, quanto de bateria normal, pode se dizer que é uma espécie de blues experimental.

Em todo caso, é um bom disco pra quem gosta de música experimental e alternativa, bem diferente daquilo que toca no rádio, ou até mesmo das bandas que as pessoas colocam como alternativas, mas que estão no mainstream.

Por outro lado, para aqueles que são mais avessos a esse tipo de música e gosta apenas do convencional, é melhor nem chegar perto.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Stone Temple Pilots - Core

Pra princípio de conversa, definitivamente o Stone Temple Pilots é a melhor das bandas do movimento grunge, que estourou no início da década de 90; e não há quem me convença do contrário.

Pois bem, o grupo que conta com Scott Weiland nos vocais, os irmãos Robert e Dean DeLeo, baixo e guitarra respectivamente e Eric Kretz na bateria se formou em 1988, mas só em 1992 lançou seu primeiro disco, Core, que curiosamente foi o de maior êxito em sua carreira.

A faixa que abre o disco é Dead & Bloated, que logo de cara já dita o ritmo de todo o disco, ou pelo menos da maior parte dele, com aquela levada grunge, com guitarras que em seus acordes, flertam entre o grave e o agudo, entre o peso e o sofrimento, acompanhadas do baixo intimista e sombrio.

Adiante, Sex Type Thing é sem sombra de dúvida um dos grandes hits não só do Stone Temple Pilots ou do movimento grunge, mas sim dos anos 90 de modo geral. A música já foi trilha sonora de videogame e era presença garantida também no setlist do Velvet Revolver, banda que Scott Weiland veio a formar com os ex-Guns N' Roses Slash, Duff McKagan e Matt Sorum tempos mais tarde.

Wicked Garden tem quase a mesma levada de Dead & Bloated. Aliás, nem é preciso ter um ouvido tão bom pra perceber que os Pilots abusam de um determinado efeito de guitarra, sobretudo nos versos. É um efeito que ecoa longe e nos faz ter certeza de uma coisa: É Stone Temple Pilots.

Por outro lado, uma faixa que merece uma ressalva é Naked Sunday, que provavelmente é a que mais desentoa do tom que o primeiro trabalho dos Pilots imprime. É uma música mais rápida, fazendo lembrar algo como o Faith No More.

E eis que chegamos a uma das melhores faixas do disco: Creep, que também desentoa daquele estilo sombrio do grunge que funciona tão bem com o Alice In Chains. Nesse caso, ela parte para outra vertente do estilo, a da balada sofrida, que tantas vezes já deu certo com o Pearl Jam.

Em Piece of Pie, mais do mesmo, pois a banda volta ao seu estado normal. Já Plush tem basicamente a mesma fórmula de Creep, só que com um pouco mais de peso e velocidade, sobretudo nas pontes da música. No mais, é um dos grandes hits não só do disco como da banda ao longo da sua carreira. Seria chover no molhado dizer quão boa ela é.

Wet My Bed, assim como My Memory [faixa 4], é uma interlude levadas ao violão. Nada que dure mais do que um minuto e meio.

E por alguma razão, a melhor faixa do disco é a penúltima, faixa essa que abriu e ainda abre a maioria dos shows da banda, sobretudo o aclamado MTV Unplugged da banda, que foi lançado em 1993. Depois de todas essas dicas, não é difícil saber que se trata de Crackerman; uma das mais rápidas e nervosas do disco. A letra em si fala basicamente sobre drogas, uma vez que nos Estados Unidos, Crackerman é um eufemismo para a heroína.

Pra finalizar o disco, Where the River Goes, que segue absolutamente à risca a fórmula do disco, que não é preciso ser lembrada novamente. Uma curiosidade, é que essa é a faixa mais longa do álbum, com quase nove minutos de duração. 

Ademais, no que se refere ao apanhado geral da obra, Core é um album é altamente recomendável, sobretudo pra quem gosta de rock alternativo com certo peso.

Poison - Flesh & Blood


Flesh & Blood é o terceiro álbum dos garotos da Pensilvânia. Lançado em 1990, apresenta mudanças significativas na aparência glam do grupo, principalmente se comparado com Look What the Cat Dragged In (1986) e Open Up and Say Aah... (1988)

Diferentemente dos dois primeiros álbuns, nos quais os integrantes da banda usavam maquiagem o suficiente para parecerem strippers de Hollywood, nesse eles adotaram um visual mais "limpo" e que lembrava o Guns N' Roses.

O som do Poison está longe de ser algo original e extraordinário. Na verdade, eles seguem a fórmula de riffs grudentos, refrões com corinhos e ritmos dançantes, mas não de um jeito eletrônico; além claro, da presença de baladas. Nesse caso, o melhor exemplo é Something to Believe In, que é uma das letras mais profundas já escritas pela banda. Ela fala muito superficialmente de lembranças de um sobrevivente da guerra do Vietnã e de injustiças no mundo.

O Poison faz um hard rock pop divertido, nada tão perigoso como os bad boys de Hollywood, o Mötley Crüe. Quase sempre trazem mensagens positivas, até mesmo por trás de lamentos chorosos, como na semi-balada Life Goes On, ou até mesmo suas músicas sobre sexo, que são carregadas de metáforas e não soam explícitas, como Unskinny Bop, que foi uma expressão inventada pelo guitarrista CC DeVille no estúdio e que foi escolhida simplesmente por combinar com a melodia.

No mais, Flesh & Blood é um disco divertido e fácil de ouvir, não sendo necessárias aquelas reflexões sobre as letras e sobre as melodias. Apenas coloque para tocar e se divirta. Mas esteja avisado de que é um disco "bubbleglam" e que traz algumas influências de southern também.

E a propósito, esteja preparado para sair cantando Unskinny Bop por alguns dias.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Radiohead - The Bends

Se tem um ano que pode ser considerado de ouro na Inglaterra, esse ano definitivamente é 1995. Algumas bandas lançaram os seus discos divisores de águas nesse ano, suas obras primas, seus trabalhos conceituais.

Partindo do fim para o começo: Em Outubro o Oasis lançava seu Morning Glory recheado de hits. Um mês antes, quem lançou disco foi o Blur, com seu The Great Escape. Aliás, como todos sabem, esses dois discos foram o centro da batalha do Britpop

Correndo por fora, o The Verve, que alcançaria o sucesso absoluto dois anos mais tarde com Urban Hymns apoiado pela épica Bittersweet Symphony, lançou A Nothern Soul, trazendo hits como This is Music e a bela History.

Em Maio, no lado mais divertido do Britpop, o Supergrass lançou I Should Coco, que os consagrou com o sucesso Alright, que virou inclusive trilha de filme e tudo mais.

E começando essa onda de grandes discos, no dia 13 de Março o Radiohead lançava seu segundo disco, que é considerado um dos melhores, ou até mesmo o melhor da carreira do grupo: The Bends, que trazia hits como High and DryFake Plastic TreesMy Iron LungStreet Spirit, além da excelente Just.

Seria chover no molhado dizer que The Bends é um disco conceitual, daqueles que se você diz que gosta de boa música, não tem como não gostar desse album.

Além dos singles já citados, o disco é recheado de grandes faixas, embora não sejam exatamente superproduzidas, tais como Bones e a própria The Bends que dá nome ao album.

Aliás, que sirva de ressalva que o disco é uma ótima amostra pra quem diz que o Radiohead nunca teve guitarra. Nos discos mais recentes, pode até ser que o uso dela tenha sido meio que deixado de lado, mas em The Bends, foi feito uso da guitarra; e com primor.

Outra música que merece um olhar mais apurado é Black Star, que embora sua qualidade não tenha sido reconhecida o suficiente pra que ela fosse single, é uma faixa que soa como uma daquelas canções épicas do rock n' roll inglês, com um refrão de fácil associação e guitarras bem grudentas.

Músicas como Fake Plastic Trees e Bullet Proof dispensam apresentações e a história da banda fala por elas. Já High and Dry é o que o Coldplay vem tentando fazer desde o seu primeiro disco, mas falha miseravelmente, embora tenha conseguido fazer bons discos.

Pode parecer um pouco óbvio dizer isso, mas é preciso um pouco de calma pra ouvir Radiohead. Até mesmo porque, é uma banda que precisa ser compreendida, e dificilmente você vai entendê-los só ouvindo Creep (Pablo Honey, 1993).

Além do que, existem outras bandas que conseguiram bastante popularidade e nem sequer existiriam se Thom Yorke não tivesse feito seu trabalho. Quer outros exemplos além do Coldplay? Keane e Muse. E se são boas bandas, a influência não pode ser ruim.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Axl Rose fala sobre possível reunião da formação original do Guns N' Roses

Em entrevista concedida na última quarta-feira (21) ao LA Times, o último remanescente da formação original do Guns N' Roses, o vocalista Axl Rose falou sobre a possibilidade de reunião da formação original da banda para uma apresentação no Rock N' Roll Hall of Fame.

"Eu ainda não tenho uma opinião formada sobre o que o Rock And Roll Hall of Fame realmente é. Mas ao mesmo tempo, sei que isso significa muito para os fãs e eles estão felizes. Então, eu não quero tirar isso deles."

Axl ainda disse que descartaria chamar o guitarrista Izzy Stradlin e o baterista Steven Adler para a reunião, mesmo que o último tenha clamado por isso desde que foi demitido em 1990.

Rose explica que não há nada contra os dois, mas estranhamente, diz que a única coisa que valeria a pena nesta reunião seria as presenças do baixista Duff McKagan e do guitarrista  –  e seu desafeto – Slash.

O frontman do Guns N' Roses afirmou que colocaria as diferenças de lado com o guitarrista em nome de uma apresentação no Rock N' Roll Hall of Fame, embora tenha dito que sua convivência com Slash tenha sido difícil desde o primeiro dia em que os dois estiveram juntos na mesma banda.

"Na verdade era uma briga entre Slash e eu. Izzy também fazia algo parecido, mas a briga entre ele (Slash) e eu começou no dia em que o conheci. Ele entrou, tirou o meu disco, colocou o dele e me queria em sua banda. E eu não queria entrar na banda dele. Nós tivemos essa luta desde o primeiro dia."

Já a relação de Axl com Duff tem sido bem mais cordial, o baixista realizou participações em alguns dos últimos shows da atual formação do Guns N' Roses tocando faixas clássicas como You Could Be Mine e Civil War, ambas de Use Your Illusion II, de 1991.

Duran Duran - All You Need Is Now

No fim do ano passado o Duran Duran lançou seu trabalho mais recente em forma de download digital, em Março desse ano foi lançado o novo disco em formato físico.

Trata-se de All You Need Is Now, produzido por Mark Ronson (Amy Winehouse, Lily Allen, Robbie Williams e Michael Jackson).

Logo na primeira faixa, que inclusive dá nome ao disco, nota-se que o Duran Duran soube se repaginar ao longo dos anos e se adequar as sonoridades mais modernas, mas sem deixar a sua essência de lado.

É bem verdade que o Duran Duran sempre usou muito de batidas futuristas, mas em All You Need is Now isso aparece de forma bem mais atual. Pudera, pois provavelmente os equipamentos usados pela banda e por Mark Ronson são os mais modernos disponíveis.

Por outro lado, algumas velhas formulas do electro-pop que consagraram o Duran Duran nos anos 80 ainda tem presença notável no album. Batidas contagiantes combinadas com guitarras grudentas. Poucas bandas sabem fazer isso tão bem quanto eles.

Uma curiosidade sobre o disco, é que de todos os treze discos de estúdio lançados pela banda até hoje – incluindo este – é que All You Need is Now é o primeiro lançado de forma totalmente independente.

Mas tem uma coisa que deve ser ressaltada: A qualidade do som do Duran Duran nesse disco é algo impressionante. Não que nos outros discos não sejam, mas, não falando apenas de qualidade musical, mas também em níveis de produção. Seria chover no molhado dizer que Mark Ronson é um grande produtor, mas definitivamente, ele acertou a mão nesse disco.

Não só All You Need is Now conseguiu chamar a atenção do mundo para o Duran Duran novamente, mas principalmente seu principal hit, Girl Panic!, que foi censurado pelos canais de música por ser “sensual” demais. Curiosamente, o fato ocorre exatos 30 anos depois de o vídeo de Girls on Film (Rio, 1981) ter sido censurado pelos mesmos motivos.

Algumas partes da mídia especializada afirmaram que se tratava do melhor trabalho da banda desde o seu disco de estreia, Rio (1981). Ao ouvir essa afirmação poderia se pensar que se tratava de um exagero, pois a banda realizou outros grandes trabalhos como Arena (1984) e Notorious (1986).

Pode até não ser o melhor desde Rio, mas sem duvida, se fosse feita uma lista com os cinco melhores discos da banda, All You Need Is Now teria seu lugar lá.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Freebass - It's a Beautiful Life

O projeto que tinha tudo pra ser incrível e acabou sendo um fracasso. Assim podemos definir o que foi o Freebass, projeto tocado pelos lendários baixistas Peter Hook (Joy Division, New Order), Mani (Stone Roses, Primal Scream) e Andy Rourke (Smiths).

A ideia de ter três baixistas numa mesma banda era totalmente impensável e absurdamente incrível. 

A explicação de Hook para as gravações das linhas de baixo das músicas era que: Mani iria gravar as partes graves, Rourke as médias e ele, Hook, gravaria as partes agudas, solos e tudo mais. Não muito diferente do que ele já fazia no New Order desde 1981.

Em 2010 a banda finalmente lançou seu primeiro album, intitulado It’s a Beautiful Life. Como já foi anteriormente dito, o projeto tinha tudo para ser incrível, as músicas eram boas, os músicos eram competentes, não tinha como falhar. Mas falhou.

Apesar de algumas críticas sobre a escolha do vocalista, Gary Briggs ainda vai bem no que se propõe a fazer e realiza um bom trabalho.

O fato de o projeto ter falhado foi que o ego de Hook, Mani e Rourke não terem cabido no mesmo espaço. Os três inclusive chegaram a trocar “gentilezas” entre si publicamente pelo Twitter.

Mas ainda assim o disco tem grandes momentos ao longo de suas dez faixas. Que se ressalte que ele é aberto com uma delas. It’s Not Too Late é um deles. Não é nada revolucionário, mas só de se perceber três linhas de baixo (grave, média e aguda) correndo ao mesmo tempo em uma música, já é algo a se valorizar. 

Antes que se pense: Sim, o disco tem guitarras. Tem teclados, sintetizadores e até mesmo gaitas. Dito isto, outra boa faixa vem logo em seguida. Inclusive, ela traz alguns teclados: The Only Ones Alone, a faixa mais longa do album.

Ainda em sequência, Lady Violence é a música mais pesada do disco. Não soa como um metal ou coisa do tipo, mas soa mais profunda, mais grave.

No mais, como já foi dito; todas as músicas são boas. É um disco com moldes bastante diferentes dos álbuns de rock convencionais. O instrumento fundamental, como o nome do projeto sugere, é o baixo. Pra quem toca ou simplesmente curte o instrumento, vale a pena ouvir. É uma aula. Uma pena que por motivos menores não tenha ido para a frente.

Mudei o nome do blog

Como o título do post pode indicar, mudei o nome do blog, bem como sua URL. Não precisava nem de um post pra isso, pois nota-se que está bem clara a mudança.

Pois bem. Sobre o novo nome, é porque o antigo, Javier Against the World; soava pessoal demais, dando a impressão de que o blog era mais um diário pessoal do que um blog com resenhas musicais.

Não foi fácil pensar num nome novo, dadas as dificuldades impostas pelo blogger, que sempre acusava que um dos nomes dos quais eu queria já estava sendo usado.

Dance para o rádio vem de "dance to the radio" como a imagem que ilustra o post sugere. De onde veio a ideia? Da música Transmission, da banda britânica Joy Division.

Bom, bancando o capitão óbvio, o nome do blog é algo relacionado à música, assim como o blog. Aliás, é o que se espera de um blog de música, não?!

Bem, é uma das minhas músicas favoritas e então, eu achei que encaixou bem.

Na verdade, eu nem precisava de um texto pra ficar explicando tudo isso, mas achei conveniente.

Era isso, espero que tenham gostado, mas caso não tenham, não fará diferença. 


Isso é tudo.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Rafinha Bastos - Resposta

Desde que o ex-CQC Rafinha Bastos resolveu que ia lançar um album, as pessoas ficavam se perguntando que tipo de coisa poderiam esperar dele, que já havia sido cortado de seu programa por causa da piada do bebê.

Rafinha resolveu soltar o disco para download em seu site numa segunda-feira a noite, bem na faixa de horário de seu antigo programa. Concorrência? Provavelmente. 

Pois bem, o título do disco é Resposta. Sobre isso Rafinha disse que havia evitado dar entrevistas sobre as polêmicas nas quais tinha se envolvido e que ia jogar tudo isso em seu disco.

Melhor parte: A imprensa acreditou. Todo mundo acreditou. Todo mundo pensou que agora Bastos ia chutar o balde e mandar um foda-se para todo mundo que o critica, processa e afins. Ledo engano, pois Rafinha nada mais fez do que versões alternativas para canções infantis, de natal, dentre outras coisas do gênero.

E onde se lêem alternativas, são alternativas mesmo. Não é preciso dizer que o disco é carregado de palavrões, ofensas e tudo mais. É bem verdade que, aparentemente, as ofensas não são direcionadas a alguém, aparentemente.

Em suma, o disco do Rafinha é uma das coisas mais non-sense de 2011, mas sem dúvida, uma das mais engraçadas. Embora seja correto dizer que Rafinha não deu respota alguma a alguém, exceto por um verso ou outro perdido ao longo das nove faixas do album. Mas em todo caso, o modo como Rafinha canta – mal – deixa até a mais sem graça das músicas divertida.

Em tempo, vocês precisam ouvir a última faixa, uma versão proibida para menores de Escravidão, que nada mais é do que uma releitura de Escravos de Jó. Melhor faixa do disco.

No mais, era pra ser uma piada. E foi.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Restart lança clipe de Menina Estranha

Do CifraClubNews:

Na última terça-feira (20), o grupo Restart lançou o clipe da faixa “Menina Estranha“. Esse é o primeiro single do novo disco do grupo, “Geração Z”, lançado em outubro deste ano.

Diferente dos outros vídeos do grupo, em “Menina EstranhaPe Lanza, Pe Lu, Thominhas e Koba aparecem atuando e não cantando e tocando, como de costume. O clipe foi dirigido por Paul Domingos e gravado no Aquário e na Praia de Pernambuco, no Guarujá, em São Paulo.

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Na boa? Se o Restart queria falar sobre a própria vida como meninas estranhas que são, que tivessem lançado um livro, mesmo que fosse de colorir...

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Adele - 21

Pode parecer tarefa das mais fáceis pegar um dos discos mais aclamados do ano e se fazer uma resenha a partir dele. Não é. Discos aclamados pelo público, como pode se supor, tem forte apelo popular, o que pode fazê-lo deixar a desejar no que se refere à qualidade.

Mas quando um disco é conceituado pela mídia especializada, quando ele vence muitos prêmios em um ano, quando ele é multiplatinado, é porque tem seus méritos. 

21, segundo trabalho da cantora britânica Adele traz consigo tudo isso. Adorado por público e crítica, foi sem duvida um dos grandes discos do ano. E há de se concordar que não é para menos.

De todas as crias da geração Amy WinehouseAdele provavelmente é a mais bem sucedida delas. Batam o pé e digam que não, mas Adele tem muito de Amy, não se pode dizer o contrário. Afinal, Amy abriu portas para as cantoras que não se encaixavam nos padrões ditos convencionais.

Mas voltando a falar de Adele, não é preciso nem fazer um estudo mais profundo das letras, buscando os mais diversos elementos subjacentes que ali constam, dá pra compreender o disco fazendo bem menos esforço. Basta tirar as impressões pelos nomes das faixas. Todas são sobre um casal. Em suma, 21 é o Back to Black de Adele.

Em quase cinquenta minutos de album, Adele faz amolecer até o mais duro dos corações. Seria fácil demais dizer que os hits sustentam o disco. De fato, Set Fire to the Rain e Someone Like You são músicas fortes, daquelas que tem todos os elementos necessários para alavancar a carreira de um artista.

Falar de Rolling in the Deep seria covardia. É de longe o hit do ano, disparado. Se as duas outras faixas que viraram single são tidas como músicas fortes, adicione mais uns dez adjetivos desse nível para Rolling in the Deep.

E é claro que o disco é todo carregado de baixos bastante graves, pianos solenes e outros elementos que tão tons tristes às faixas de 21. É um disco que fala de relacionamentos – ou um relacionamento em especial – que não deu certo, não o disco, o relacionamento.

Mas nem só de momentos tristes é feito o album, I’ll Be Waiting é a prova disso. Apesar de seguir na mesma temática do contexto geral, ela soa mais animada, trazendo melodias mais alegres e tirando a nuvem negra e a angústia de cima de quem está ouvindo o disco.

Um dos momentos mais interessantes nesse disco e que merece ser ressaltado, é a versão de Lovesong, original do The Cure; presente no disco Disintegration, de 1989. Nesta versão, Adele resolveu fazer arranjos novos, deixando a música mais lenta e mais triste, o que não é exatamente uma surpresa.

Ademais, embora a música atual esteja caminhando por rumos questionáveis, 2011 foi um ano bastante produtivo, principalmente na Inglaterra. Vários discos bons foram lançados lá e valem o download e claro, serem ouvidos com uma atenção mais especial. Aliás, pode-se ir até mais longe e dizer que muitos desses discos valem a compra, mesmo que o preço seja meio abusivo.

E sim, definitivamente, um desses discos é 21. Vale ouvir. Vale comprar.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

The Smashing Pumpkins - MACHINA/The Machines of God

Lançado em 2000, Machina trouxe de volta à sonoridade dos Smashing Pumpkins coisas que haviam se perdido em Adore (1998)

Se no trabalho anterior, Corgan optou por dar preferência a batidas eletrônicas e guitarras sem tanto peso, Machina soava como uma tentativa de resgatar a essência da banda, de coisas como em Siamese Dream (1993) e das faixas mais pesadas do duplo Mellon Collie and the Infinite Sadness (1995) e por que não dizer até mesmo de Gish (1991)?

O disco marca algumas coisas na historia da banda, como a volta do excepcional baterista Jimmy Chamberlin; e é também o último álbum com a excêntrica baixista D’arcy Wretzky, que, diga-se de passagem, nem chegou a participar da turnê do disco; acabando por ceder seu posto para a não menos competente Melissa Auf der Maur, ex-Hole.

Sobre recuperar velhas fórmulas, a primeira faixa do disco já deixa isso bem claro. The Everlasting Gaze é uma daquelas cacetadas de rock pra ninguém colocar defeito. Guitarras densas, baixo impactante e uma bateria insana mostram que Billy Corgan e sua trupe não estavam ali para experimentos, mas sim para fazer um disco para seus fãs.

Mas está enganado quem pensa que o Smashing Pumpkins sustenta-se apenas de músicas pesadas e rápidas. Bons exemplos disso em Machina são Stand Inside Your Love e I of the Mourning, que diminuem o ritmo e provam que Billy Corgan ainda sabia escrever boas baladas, tais como Disarm (Siamese Dream, 1993), Tonight, Tonight e 1979 (Mellon Collie, 1995) e Perfect (Adore, 1998).

Try, Try, Try também foi single, mas se tem uma música que merece um destaque mais do que especial, esta é Heavy Metal Machine. O nome é bastante sugestivo, não? E é pra ser. A faixa não é exatamente rápida, mas traz consigo um peso incrível, quase como uma música de um disco de heavy metal mesmo.

Por fim, Machina faz jus em ser o último disco com o Smashing Pumpkins original, pois tem toda a essência que consagrou a banda como um dos grandes ícones alternativos dos anos 90.

Depois disso, a banda ficou parada por sete anos, e voltou apenas com Corgan e Chamberlin para gravar Zeitgeist (2007), que embora seja um bom disco e tenha grandes músicas, não é muito bem aceito pelos fãs e pela crítica.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Fresno - Cemitério Das Boas Intenções

Esqueça os hits radiofônicos, esqueça a dor de cotovelo, a angústia adolescente traduzida em riffs pegajosos, a Fresno se tornou muito maior do que isso. Se em Revanche a evolução já começava a tomar forma, em Cemitério Das Boas Intenções os sinais são gritantes.

Revanche tinha treze faixas, quatro se aproximam do que a Fresno pretendia fazer, mas por questões contratuais, preferiu investir nas baladinhas pra tocar no rádio, mais uma vez. Pois bem, com o contrato quebrado a banda decidiu gravar um EP com três músicas novas e uma regravação do último disco, Relato de Um Homem de Bom Coração, numa versão mais... lenta. E desnecessária.

Talvez esse seja o único ponto fraco das quatro faixas de Cemitério. As letras novas são bem mais maduras também. Crocodilia abre os trabalhos de forma matadora, com um riff que faz lembrar algo como Velvet Revolver. A voz de Lucas também soa bastante diferente nessa faixa.

Voltando a falar das letras, Tavares aparece como uma espécie de pastor do ateísmo em A Gente Morre Sozinho. Sobre essa faixa, a influência que o Muse exerce sobre a banda ainda é bastante clara. Se em Revanche, há elementos de Stockholm Syndrome (Absolution, 2003), aqui a referência é Time Is Running Out (Absolution, 2003).

Como foi gravado de forma totalmente independente e com um toque de Chuck Hipolitho (Forgotten Boys, Vespas Mandarinas), as guitarras distorcidas e os mais pesados baixos foram usados até a exaustão. 

Tem recado pra gente colorida nas letras? Tem. Pregação ateísta? Tem também. Mas Lucas avisa, que há algo muito maior por trás de tudo isso. Ao fazer uma análise mais profunda das letras se percebe isso, mas é preciso uma interpretação mais apurada, pensar nas mais diversas possibilidades de "o que ele quis dizer com isso?"

Não Vou Mais quebra um pouco o ritmo, mas ainda sim se prende na temática do EP, a vida. Muito além da já citada dor de cotovelo adolescente por um amor mal resolvido. E falando em coisas já anteriormente citadas, o único momento dispensável de Cemitério das Boas Intenções é a regravação de Relato de Um Homem de Bom Coração (Revanche, 2010). A versão original é rápida, pesada, teria se encaixado perfeitamente aqui. 

Aliás, Revanche já era pra ter sido o Cemitério das Boas Intenções se fosse pela vontade da banda e não de produtores interessados em fazer dinheiro.

Mas é bom perceber que a Fresno está indo para um outro caminho, aquele em que os corações não se fazem com a mão.

Duran Duran e a censura de Girl Panic!

Pra quem ainda não sabe, o Duran Duran lançou um disco novo esse ano, chamado All You Need Is Now, que há quem diga que é o melhor álbum deles desde Rio, de 1982. 

Talvez haja um pouco de exagero nessa afirmação, visto que o Duran Duran realizou trabalhos grandiosos durante sua carreira de três décadas.

Mas em todo caso, se All You Need Is Now, produzido pelo renomado Mark Ronson; já chamou atenção, o que dizer então da polêmica em que a banda está envolvida? O clipe do single Girl Panic! foi, pasmem, censurado nos Estados Unidos por ser "sensual" demais.

O clipe é estrelado pelas modelos Naomi Campbell, Cindy Crawford, Helena Christensen e Eva Herzigova, além de Yasmin Le Bon, mulher de Simon Le Bon, vocalista do Duran Duran.

Girl Panic! foi dirigido por Jonas Akerlund e foi rodado no hotel Savoy em Londres. Basicamente, ele retrata o cotidiano de uma vida exposta e glamourosa. Os membros do Duran Duran interpretam papéis secundários no clipe, tais como fotógrafos, funcionários do hotel, jornalistas, garçons e afins.

É bem verdade que Girl Panic! usa sim de sensualidade, até acontecem beijos lésbicos e cenas com alta temática sexual. Porém, é válido lembrar que o Duran Duran, que apesar de toda a história que carrega nas costas, já não é mais uma banda que renda tanto dinheiro quanto os artistas atuais. 

Levando isso em consideração, é no mínimo muito estranho lembrar, que artistas como Lady GaGa praticamente se masturba – entre outras cenas de sexo praticamente explícito – em seus vídeos; toca em temas bem mais sensíveis como religião, mas nem por isso recebe qualquer tipo de censura. Aliás, muito pelo contrário; pois ela tem seus vídeos passando livremente a qualquer hora do dia nos canais de música, pra que qualquer criança possa ver. Mas quem se importa? Ela gera dinheiro, não é?

E o que dizer de Nicki Minaj então? Existem prostitutas que se dão mais ao respeito do que do que ela. Seus clipes mais parecem as primeiras cenas de filmes pornô de baixo orçamento. Sem esquecer de Rihanna, Katy Perry, Shakira... a lista é interminável.

No mais, sinta-se a vontade para assistir o clipe de Girl Panic!, que é absolutamente artístico, bem produzido, com uma verve voltada para a moda. Algo grandioso, luxuoso. Digno do Duran Duran.

Mas em todo caso, se você se sentir ofendido com ele, deverá se sentir ofendido com os vídeos das "artistas" anteriormente citadas também.

Para assistir ao vídeo, siga o link: Duran Duran - Girl Panic! (All You Need Is Now, 2011)

New Order - Get Ready

É possível uma banda conseguir influenciar diferentes gerações de músicos mesmo se adequando aos tempos modernos para poder seguir em frente? Mais do que isso, é possível essa mesma banda realizar tudo isso mesmo tendo ficado em um hiato de quase dez anos? Para o New Order sim.

Se em 1983 com o lançamento de Power, Corrpution & Lies o New Order conseguiu se distanciar cada vez mais do que tinha sido com o finado Joy Division e fazer uma revolução na música eletrônica, fazendo com que amantes de rock e dance dessem as mãos e partissem juntos para as pistas de dança, em 2001 eles voltaram. 

Ainda que eles estivessem mais focados no rock, continuaram sendo mestres no que se refere à música eletrônica. O último registro de inéditas da banda tinha sido em 1993, com Republic, que foi sustentado em grande parte pelo hit-single Regret.

Com Get Ready, lançado em agosto de 2001, o New Order não só conseguiu recuperar a paixão dos fãs mais antigos, como também conseguiu angariar novos, com seu som que embora flertasse com coisas que a eles costumavam fazer nos anos 80, soava repaginado, atualizado, fazendo parecer uma nova banda.

Algumas coisas não mudaram; como os solos de baixo de Peter Hook – que agora aparecia com muitos quilos a mais – ainda dominavam as músicas e não deixavam dúvida: Definitivamente, era o New Order e eles estavam de volta!

O disco ainda contou com muitas participações especiais, como de Billy Corgan (The Smashing Pumpkins) na excelente faixa Turn My Way e de Bobby Gillespie (Jesus and Mary Chain e Primal Scream) em Rock the Shack.

Os hits desse disco foram sem dúvida Crystal e 60 Miles an Hour, além de Someone Like You. Aliás, a primeira era e é presença constante nos shows da banda até os dias de hoje. E é bem provável que esteja quase no mesmo patamar de importância de Blue Monday (Power, Corrpution & Lies, 1983) e Bizarre Love Triangle (Brotherhood, 1986).

Mas Get Ready vai muito além de Crystal ou 60MPH. Um grande disco sempre vai além de seus hits, prova disso é a já citada Turn My Way, que contou com Billy Corgan, que inclusive participou da turnê do disco. Além das moderníssimas Rock the Shack e Close Range, que apresentam uma produção tão boa que se alguém dissesse que foram gravadas ontem, não era nada difícil de se acreditar.

Pra que se tenha uma ideia de como Get Ready e, principalmente Crystal, são importantes pra música nos últimos quinze anos, a principal cria desse disco é ninguém menos do que o The Killers, que tirou seu nome do videoclipe de Crystal; onde uma banda fictícia aparece tocando no lugar do New Order e este é o seu nome, além de terem “se inspirado” no chroma do vídeo e terem colocado um bem parecido no seu vídeo de estreia, Somebody Told Me (Hot Fuss, 2004). Sem contar, claro, o riff de baixo de Hooky que é um dos mais espetaculares já feitos.

Visto isso, se você procura alguma coisa diferente, mesmo que não tenha sido lançada nos últimos anos, uma boa pedida é Get Ready, o disco que recolocou o New Order entre as grandes bandas do mundo de novo.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O País das Maravilhas dos Tempos Modernos

De tempos em tempos, alguma tendência imbecil toma conta dos quatro cantos da internet. Duvida? Tirar foto de cima. No banheiro. Com a câmera na frente do espelho. Quem nunca? Salvavam-se poucas almas daquela época. Hoje? Hoje existem duas possibilidades, as pessoas que faziam tudo isso naquela época continuam fazendo, ou então sentem arder o rosto de vergonha só de lembrar.

Com a chegada do Messenger Plus, os nicks coloridos invadiram todas as listas de contatos do mundo. Além das cores, os enfeites como corações e outras bizarrices de mesmo tom deixavam a tela parecendo uma daquelas toalhas de mesa de péssimo gosto que a sua tia avó usa para enfeitar a mesa de natal.

Em todo caso, o fato é que se fossemos colocar na ponta da caneta todas essas tendências que rondaram pela internet, sobretudo pelo Orkut nos últimos cinco ou seis anos, faltaria tempo. E paciência.

Com a decadência do Orkut essas pessoas começaram a migrar para outras redes sociais, primeiro o Twitter, que tem sofrido bastante com a boçalidade de algumas pessoas, mas não tanto quanto o Facebook de Mark Zuckerberg. 

Pobre Facebook, com seus milhares de compartilhamentos de “Humor no Face” (sic).

Um bom exemplo do que tem poluído as páginas iniciais das redes sociais por aí é um texto bastante famoso, chamado "A Sociedade Ignorante." Geralmente ele é utilizado por garotas que nem sabem o que é uma sociedade e porque ela é ignorante.

Trata-se de um texto carregado de sentimentalismo barato e sem embasamento algum, que serve de alento para que estas meninas descarreguem suas frustrações por terem sido rejeitadas por meninos com franja de Colírio Capricho e por serem desconfortáveis com o próprio corpo. Como se isso não fosse o bastante, agora elas resolveram inundar o Facebook – não com o seu corpo de tamanho GG, ou também – com fotos e textos que tentam, inutilmente, convencer a sociedade de que ser gorda é algo bonito. Não é.

Sobre o Twitter; é bem verdade que o microblog anda bastante poluído, com incontáveis perfis fakes, sobretudo daqueles que se escondem atrás de uma personagem de um programa de humor – que de engraçado não tem absolutamente nada – ou então, de fã-clubes de ídolos adolescentes babacas.

E claro, não poderíamos esquecer-nos da maior estupidez dos tempos modernos no que se refere a redes sociais: A literatura. Antes que me atirem pedras, ressalto que, o problema não é gostar de literatura, o problema está na banalização que aconteceu dela. Ainda não ficou claro? Pois bem, o que ocorre, é que todo mundo resolveu gostar de Clarice Lispector. Todo mundo resolveu ter um olhar apurado para a literatura.

Caio Fernando Abreu? Tati Bernardi? Não valem nem o comentário. E na verdade a culpa nem é deles, coitados. A culpa é de quem os cita, usando suas frases de modo que distorcem seus contextos gerais, transformando tudo em uma angústia adolescente imbecil. Isso quando meninas de quatorze anos soltam frases de falso efeito e as creditam (do ato de dar crédito) a estes.

Pois visto tudo isso, a minha impressão, é a de que as redes sociais são o País das Maravilhas dos tempos modernos. Todos são felizes – exceto as gordinhas frustradas – Todos tem olho clínico para a literatura, bom humor e gosto musical apurado. Mas bem na verdade, você pode trocar tudo isso aí por sorrisos falsos e frustrações adolescentes.

Texto com a colaboração da minha futura ex-mulher, Catharina Schoene.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Kasabian - Velociraptor!

Além do Kaiser Chiefs, o Kasabian parece querer se firmar cada vez mais como uma das grandes bandas desse revival do Britpop

Aliás, esquecer de todo o resto da cena e analisar profundamente o que essas duas bandas vêm fazendo ao longo desses últimos seis ou sete anos, nos faz lembrar o que as pessoas chamavam de “Batalha do Britpop”, que aconteceu nos anos 90, onde Oasis e Blur duelavam até o último single vendido pra ver quem ia mais longe. 

O Blur venceu algumas batalhas, mas o Oasis venceu a guerra. Mas em todo caso, isso é assunto pra outro dia.

O Kasabian, bem como fez o Stereophonics há algum tempo atrás, rejeitou o rótulo de “herdeiros do legado do Oasis”. Por outro lado, o Kaiser Chiefs não parece se incomodar com as comparações com o Blur. Aliás, muito pelo contrário.

Feitas todas essas considerações, analisemos Velociraptor, disco lançado esse ano pelo Kasabian. A primeira coisa que deve ser levada em conta é: O Kasabian abriu seu leque de influências, a primeira, e mais clara das impressões, é que eles foram muito além de buscar seus referenciais nos discos do Stone Roses. Parece que eles foram até a origem da coisa toda, os Beatles.

O exemplo mais claro disso é Goodbye Kiss, que é mais levada ao violão, com uma levada mais serena, numa atmosfera bem sessentista. Diga-se de passagem, Velociraptor soa ligeiramente diferente do que as pessoas esperam do Kasabian, apesar da faixa que abre os trabalhos dizer justamente o contrário: Let’s Roll Just Like We Used To. Logicamente que tendo conhecimento da letra, percebe-se que não tem ligação direta com isso, mas enfim.

Uma coisa que não se perdeu nesse disco se comparado com os outros, foi o fato do Kasabian continuar abusando de teclados, sintetizadores e batidas eletrônicas em geral; e isso se percebe na faixa que dá nome ao disco, Velociraptor.

E ainda na parte que soa como o velho Kasabian, temos Switchblade Smiles, que começa toda eletrônica e depois ganha um baixo implacável, como o de Club Foot (Kasabian, 2004).

No mais, o Kasabian fez o que se esperava, mais um bom disco, numa sequência de bons discos. E com isso, como já foi anteriormente dito, eles procuram se firmar como uma das grandes bandas inglesas para as próximas gerações. E pelo jeito, parecem ter encontrado o caminho.

Oasis - The Masterplan

Muito se fala em Definitely Maybe ou Morning Glory, talvez mesmo até em Be Here Now. Aliás, neste último, tanto para o bem, quanto para o mal.

Mas se o Oasis tem um grande disco que não seja tão exaltado assim pela crítica especializada e até mesmo por muitos fãs, definitivamente, esse é The Masterplan.

Lançado em 1998, é basicamente uma coletânea de b-sides dos três primeiros discos da banda. Pra quem ainda não entendeu, é como se fossem “sobras”. 

Pode até se arriscar a dizer que este é o disco mais autoral de Noel Gallagher quando ele ainda estava no Oasis; não só pelo fato dele cantar mais músicas do que em qualquer outro disco da banda, além de dividir os vocais com o irmão Liam em Acquiesce, faixa que abre o disco; mas por mostrar que Noel mesmo depois de Definitely Maybe e Morning Glory, poderia continuar fazendo discos grandiosos por muito tempo.

Por outro lado, fãs da banda ao redor do mundo – com o perdão do trocadilho – lamentam que muitas dessas faixas não tenham entrado nos discos, tais como a própria The Masterplan, que poderia, e aqui há de se concordar, que deveria ter entrado em Morning Glory. Definitivamente, deixaria o disco ainda maior do que ele já é.

O disco tem outros grandes momentos, não tão bonitos quanto em Talk Tonight ou Going Nowhere, mas em músicas mais rock n’ roll como Fade Away, que é mais conhecida até daqueles mesmo que não são tão fãs; e também Headshrinker, que foi a coisa mais rápida e insana que o Oasis já fez até hoje e que, infelizmente, tenha sido ignorada até mesmo pela própria banda.

Por fim, pode-se afirmar sem qualquer resquício de dúvida, de que The Masterplan é um disco com o selo Oasis de qualidade e que embora seja feito todo de “sobras” da melhor fase criativa de Noel Gallagher, qualquer outra banda da época e com certeza hoje mais ainda, daria um braço para escrever um álbum tão bom quanto.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

The Verve - Urban Hymns

Quando o movimento britpop começou a tomar forma, lá pelos idos de 1994 com os lançamentos de Parklife pelo Blur e Definitely Maybe pelo Oasis, o The Verve completava um ano do lançamento de seu début album, A Storm in Heaven, que foi considerado fraco pela crítica, pelos fãs e até mesmo pela própria banda.

Já em 1995, o grupo liderado por Richard Ashcroft fez um disco melhor, tanto em termos de produção, quanto musicalmente falando. A Nothern Soul se apoiava em boas músicas como This is Music e History.

Mas em todo caso, ainda assim os rapazes de Wigan não eram páreo para o Blur de Damon Albarn, que havia lançado The Great Escape ou para o Oasis dos irmãos Gallagher, que lançara sua obra prima: What’s the Story (Morning Glory?).

Mas em 1997 a coisa mudou de figura, pois por mais que o Blur tenha lançado seu disco mais bem sucedido, definitivamente esse foi o ano do The Verve, que lançou um dos discos mais espetaculares da história do rock britânico e quem sabe até,do rock mundial.

Urban Hymns é um disco todo orquestrado, com arranjos monumentais, onde fica a impressão de que cada movimento, cada passo que o disco dá, é minimamente calculado, pensado, articulado.

A épica Bittersweet Symphony abre o disco, e não é por acaso. É ela quem dita o ritmo que o album deve seguir ao longo de suas treze faixas, tendo em vista que na sequência vem outra faixa grandiosa, a belíssima Sonnet.

The Rolling People se encarrega de tomar pra si o momento mais rock n’ roll do disco, transitando entre algumas das influências do The Verve, tal como os Stones e o The Who.

No mais, não só The Drugs Don’t Work – que é de longe uma das coisas mais corta-pulso que já foram escritas – bem como a sequência do disco que caminha por um mesmo estilo, salvo por Catching the Butterfly e Neon Wilderness que soam mais experimentais, progressivas e até mesmo psicodélicas.

This Time soa absolutamente como uma faixa perdida do Stone Roses, com batida e guitarras mais swingadas. Mas fora isso, como já foi mencionado, o disco segue um padrão de músicas bem arranjadas, com destaque para Lucky Man.

É importante que se ressalte que uma das grandes qualidades, ou talvez a maior delas, é que Urban Hymns acumula momentos espetaculares do começo ao fim, tornando-o assim um disco completo, sem buracos ou falhas.

E mais ao fim, o álbum ainda conta com a participação de Liam Gallagher em Come On, que nos créditos consta com a duração de nada menos do que quinze minutos, mas a verdade é que ela acaba aos 06:30 e aos 13:00 entram uns “barulhos” aleatórios.

No mais, para que se tenha ideia da grandeza desse album; numa escala de 0 a 10, Urban Hymns levaria um 11.

Tommy Stinson - One Man Mutiny

Para uma compreensão total de One Man Mutiny, seria necessário que se tivesse um conhecimento prévio de Village Gorilla Head, trabalho de 2004 de Stinson, para que se entendesse as mudanças do primeiro para o segundo disco. 

Seu primeiro album tinha sobretudo, momentos carregados ao violão, mas algumas coisas com uma levada que deixavam claras as suas raízes no punk, como Couldn’t Wait e Motivation.

Em One Man Mutiny, Tommy ainda faz muito uso das guitarras e algumas canções soam bastante grudentas, acompanhadas de bons refrões, com melodias agradáveis de se ouvir, mas o ritmo acelerado de algumas faixas de Village Gorilla Head definitivamente ficou lá em 2004 mesmo.

Don’t Deserve You e It’s a Drag, faixas que abrem o disco tem uma levada de rock clássico, Meant to Be já aparece como a primeira baladinha com cara de hit, embora esteja claro que Stinson faça um disco cujo alvo é o público alternativo.

Come to Hide mostra que Tommy não esqueceu os violões largados em um canto do estúdio, bem como em Zero to Stupid. E que, diga-se de passagem, a segunda tem uma boa pegada de folk. E, pode até parecer heresia dizer isso, mas, até faz lembrar algumas coisas de Bob Dylan.

Seguindo na linha folk da coisa, Match Made in Hell continua tornando o ato de ouvir o disco um agradável exercício da musicalidade que existe dentro de nós.

One Man Mutiny, que dá nome ao disco, fecha os trabalhos da maneira mais calma possível. Aliás, citando Bob Dylan novamente, às vezes, ao ouvir a maneira como Stinson canta, até passa a impressão de que ele força um pouco para parecer com Dylan, mas quem conhece seus trabalhos sabe que não.

Por fim, fica a dica de não um, mas dois discos deste incrível músico que tem um currículo invejável dentro do rock, tendo passado por bandas como The Replacements, Soul Asylum, colaborando em trabalhos solo de Paul Westerberg, além claro, de estar no Guns N’ Roses desde 1998.

E para que fique de aviso, seu som é muito, muito diferente do que ele toca na banda de Axl Rose.

Para baixar o disco, clique em download.


*Créditos do link: Marcelo Vargas
**Quando eu fizer a resenha de Village Gorilla Head para este blog, disponibilizo o primeiro album para download.

Bon Jovi - Crush

Algumas bandas começam com discos incríveis, dão uma ligeira pausa ou se perdem no meio do caminho, ou as duas coisas; e então, depois de muito tempo conseguem acertar a mão e lançar um grande disco que seja bem recebido por fãs, publico geral e crítica.

Com muitas bandas foi e tem sido assim. Com o Bon Jovi isso aconteceu há algum tempo, o início e a consagração tiveram grandes álbuns como Slippery When Wet (1986) e o politizado Keep The Faith (1992)

A redenção do Bon Jovi aconteceu há 11 anos. Pra ser mais preciso; no distante ano 2000, com Crush.


Desde o último disco até então, These Days (1995), Jon Bon Jovi lançou um disco solo, Destination Anywhere (1997), que teve até um curta-metragem com participações de Demi Moore, Whoopi Goldberg dentre outros. Richie Sambora também trabalhava em umas coisas com uma sonoridade mais blues, mas era solenemente ignorado pela mídia.

Sobre Crush, o disco começa arrebatador, com o mega-hit It’s My Life, que há quem diga que é o maior sucesso da banda até hoje, mais do que Always (Cross Road, 1994), ou até mesmo Livin’on A Prayer (Slippery When Wet, 1986).

Say It Isn't So e Thank You For Loving Me são os outros singles do album, mas nem de longe se comparam com o sucesso estrondoso que foi It’s My Life. A primeira tem um apelo pop maior, mas ainda com uma sonoridade mais rock. Já a segunda, se baseia em velhas formulas de Bon Jovi e Sambora, as baladas que por anos e anos colocaram a banda nos primeiros lugares das paradas.

Se feita uma análise mais profunda não só dos singles mas do próprio disco, levando-se em conta um contexto geral, pode até se dizer que as escolhas para os outros dois singles foi errada, pois Crush possui grandes momentos como Next 100 Years e Save the World, com cunho mais politizado, belos arranjos e grandes solos de guitarra.

Just Older também tem uma boa levada e tinha grande potencial pra hit, bem como Captain Crash & the Beauty Queen From Mars.

Aliás, uma curiosidade sobre Captain Crash, é que pode se supor que haja um resquício de plágio. A bateria e a forma como a guitarra entram nessa música é bem parecida (para ser bondoso) com a de Stay Young (The Masterplan, 1998), do Oasis.

Uma curiosidade sobre esse disco, é que o compositor Desmond Child, que durante anos colaborou com o Bon Jovi entre outras grandes bandas, assina uma única faixa em Crush, justamente a que fecha o disco, a animadíssima One Wild Night, que faz com que o álbum seja finalizado da mesma forma que começou.

Depois disso, o Bon Jovi até tentou repetir o sucesso de Crush com discos como Bounce (2002), onde quase conseguiu com os hits Misunderstood e Everyday; e com Have a Nice Day (2005), que embora seja um bom disco, o sucesso esperado não veio.

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